ATA DA SEXAGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 28-8-2003.

 


Aos vinte e oito dias do mês de agosto de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA foram encaminhados: pelos Vereadores Aldacir Oliboni e Carlos Alberto Garcia, o Projeto de Resolução nº 071/03 (Processo nº 4168/03); pelo Vereador Wilton Araújo, o Projeto de Lei do Legislativo nº 245/03 (Processo nº 4136/03). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 429 e 430/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; s/nº, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Gerente de Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal – CEF. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Pedro Alberto Tedesco Silber, Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul – SINDUSCON, Zalmir Schwartzmen e Nádia Schuch Freire, convidando Suas Senhorias a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra aos Senhores Zalmir Schwartzmen e Nádia Schuch Freire, que apresentaram pesquisa efetuada quanto à relação dos porto-alegrenses com a Cidade, em especial no referente ao conhecimento e expectativas acerca do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental do Município - PDDUA. Na ocasião, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores Luiz Braz, Reginaldo Pujol, Raul Carrion, Isaac Ainhorn, Sebastião Melo, Cassiá Carpes, Carlos Pestana e Beto Moesch, que se manifestaram acerca do estudo apresentado pelos Senhores Zalmir Schwartzmen e Nádia Schuch Freire. Às quinze horas e um minuto, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quatro minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Carlos Elói Lima Padilha, Presidente da Associação dos Moradores do Jardim das Estrelas, que se manifestou acerca do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/03 (Processo nº 2123/03), que cria o passe-livre para estudantes carentes, declarando seu posicionamento favorável a esse projeto e analisando a importância do passe-livre para as famílias mais necessitadas do Município. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Ervino Besson, Sebastião Melo, Raul Carrion, Cláudio Sebenelo, Margarete Moraes e Carlos Alberto Garcia manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quinze horas e vinte e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e nove minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a homenagear o transcurso do qüinquagésimo aniversário do Rio-Grandense Tênis Clube, nos termos do Requerimento n° 085/03 (Processo n° 1927/03), de autoria do Vereador Ervino Besson. Compuseram a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Dorvalino Lunardelli, Presidente do Rio-Grandense Tênis Clube; o Senhor Roni Ramos Guimarães, Secretário do Rio-Grandense Tênis Clube; o Senhor Celso Gai, Tesoureiro do Rio-Grandense Tênis Clube. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson historiou a trajetória do Rio-Grandense Tênis Clube, lembrando nomes importantes na formação da entidade. Também, mencionou dados alusivos a incêndios ocorridos no Rio-Grandense Tênis Clube, destacando a reconstrução do Clube e registrando a realização de grandes eventos depois desses fatos. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Dorvalino Lunardelli, Presidente do Rio-Grandense Tênis Clube, que destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao transcurso do qüinquagésimo aniversário do Rio-Grandense Tênis Clube. Às quinze horas e quarenta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Zé Valdir contestou as políticas estaduais em relação à segurança pública, criticando declarações prestadas pelo Senhor José Otávio Germano, Secretário Estadual da Justiça e da Segurança. Também, explanou sobre a situação da segurança pública de Porto Alegre, mencionando casos de roubo sofridos por sua filha em coletivos da Cidade. O Vereador Aldacir Oliboni registrou a inauguração de unidade de saúde localizada no Bairro Guarujá. Também, mencionou a realização da Conferência Municipal de Saúde, que ocorrerá do dia vinte e seis ao dia vinte e oito de setembro, em Porto Alegre e realçou a importância da Triagem Auditiva Neonatal Universal – TANU, feita em bebês recém-nascidos, defendendo a implementação de mais esse serviço médico no Município. O Vereador Juarez Pinheiro reportou-se à questão da segurança pública, defendendo os Governos anteriores do Município de críticas feitas pelo atual Governo do Estado. Também, censurou a falta de policiamento nas zonas mais carentes da Cidade, em benefício de áreas mais nobres e citou como principal causa da criminalidade a exclusão social gerada pela concentração de renda. O Vereador Dr. Goulart discorreu acerca do câncer de colo de útero, doença que mata muitas mulheres na Capital, salientando a importância da realização do exame preventivo papanicolau. Também, mencionou Projeto de Lei atualmente em tramitação neste Legislativo, o qual estabelece, nos postos de saúde municipais, a oferta da realização desse exame preventivo de câncer. O Vereador Carlos Alberto Garcia posicionou-se sobre o Projeto Passagem Gratuita, destinado a crianças carentes. Também, esclareceu aspectos acerca do projeto “Disque Solidariedade”, o qual arrecadará doações por telefone no Município, destacando a importância de que sejam oferecidas condições mínimas de sobrevivência digna às pessoas e realçando a importância desse Projeto. O Vereador Carlos Pestana teceu considerações sobre debate a ser realizado no dia onze de setembro do corrente, neste Legislativo, promovido pela Organização Não-Governamental Solidariedade, acerca do Programa de Orçamento Participativo do Município. Também, citou pesquisas feitas pelo Governo Estadual sobre a segurança pública, contestando os dados nela constantes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo discutiu a questão da segurança pública, defendendo o Governo Estadual de críticas e censurando os Vereadores do Partido dos Trabalhadores que as fizeram. Também, externou sua contrariedade à entrega da Medalha do Pacificador ao Senhor Robert Earl Jones, Presidente Sul-Americano da empresa Universal Leaf Tabacos, multinacional de negócios com fumo de folha. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 014/03, o Projeto de Lei do Legislativo n° 172/03, discutido pelo Vereador Renato Guimarães, os Projetos de Resolução nos 066 e 070/03, este discutido pelos Vereadores Renato Guimarães e Cláudio Sebenelo, o Projeto de Lei do Executivo n° 036/03; em 2ª Sessão, o Substitutivo n° 02 ao Projeto de Lei do Legislativo n° 004/01, os Projetos de Lei do Legislativo nos 169, 179 e 182/03, este discutido pelo Vereador Zé Valdir, e 195, 216, 222 e 225/03, este discutido pelos Vereadores Renato Guimarães e Elias Vidal; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 070 e 162/03, este discutido pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, e 176, 177, 185, 186, 188, 189, 190, 194, 196, 197, 198, 210, 214, 215, 218, 223/03 e 238/02, o Projeto de Resolução nº 069/03. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal, mencionando funcionários deste Legislativo que são profissionais ou estudantes de psicologia, registrou o transcurso, ontem, do Dia do Psicólogo, historiando sobre o desenvolvimento e as áreas de atuação desses profissionais na sociedade contemporânea. Ainda, atentou para as diferenças existentes entre a psicologia e a psiquiatria, afirmando existir espaço para ambos os grupos, sem necessidade de conflitos quanto a áreas de atendimento. O Vereador Raul Carrion referiu-se à realização, em São Paulo, do 1° Congresso Nacional Unitário de Capoeira, o qual teve como tema central a regulamentação da profissão de capoeirista. Ainda, parabenizou o Senhor Presidente da República pelo papel desempenhado no processo de incorporação do Peru ao Mercado Comum do Sul - MERCOSUL e fez referência à luta de parentes de Guerrilheiros do Araguaia por informações das Forças Armadas acerca do desaparecimento e da morte desses guerrilheiros. Na oportunidade, por solicitações dos Vereadores Dr. Goulart e Luiz Braz, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma, respectivamente, à Senhora Rosa Ermínia Weingartner Ciulla, falecida no dia de hoje, e ao Senhor Israel Giglio, funcionário aposentado deste Legislativo. Também, o Senhor Presidente comunicou que o Vereador Raul Carrion representará externamente este Legislativo, no dia de hoje, a partir das dezesseis horas, no VII Encontro Nacional de Revendedores de Combustíveis, no VI Encontro de Revendedores de Combustíveis do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL e na EXPOPETRO 2003, a serem realizados no Município de Gramado - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia reportou-se ao pronunciamento do Vereador Raul Carrion, acerca do 1° Congresso Nacional Unitário de Capoeira, afirmando que o Conselho Federal de Educação Física possui posição contrária à regulamentação profissional do capoeirista. Ainda, manifestou-se acerca da suspensão, pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul, do processo de fusão das Empresas TAM Linhas Aéreas Sociedade Anônima e Viação Aérea Rio-Grandense – VARIG. O Vereador Isaac Ainhorn, ressaltando sua preocupação com a preservação ambiental no Município, registrou estar retomando o Projeto de Lei do Legislativo nº 063/02 (Processo nº 1258/02), de sua autoria, que veda a construção, edificação e instalação de equipamentos de qualquer natureza nas praças e parques da Cidade. Nesse sentido, discorreu sobre as áreas verdes existentes em Porto Alegre, analisando os prejuízos resultantes de construções provisórias e permanentes nesses locais. O Vereador Haroldo de Souza comentou o Projeto de Lei do Legislativo nº 106/03 (Processo nº 2341/03), de sua autoria, que dispõe sobre o Programa de Prevenção e Controle do Diabetes nas Crianças e Adolescentes Matriculados nas Creches e demais Estabelecimentos da Rede Municipal de Ensino. Ainda, referiu-se à situação das crianças de rua em Porto Alegre, solicitando medidas efetivas para a solução das dificuldades enfrentadas por esses menores. A Vereadora Clênia Maranhão registrou a realização, na Cidade de Passo Fundo - RS, no período de vinte e seis a trinta de agosto do corrente, da décima edição da Jornada Nacional de Literatura, do 2º Seminário Internacional de Literatura e da 2ª Jornadinha Nacional de Literatura. Também, parabenizou o Governo Federal pelo lançamento, ontem, de campanha de conscientização acerca da violência contra a mulher, analisando situações de violência doméstica. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e o Vereador Reginaldo Pujol formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão. Às dezessete horas e trinta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezessete horas e quarenta e nove minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi aprovado o Requerimento nº 125/03 (Processo n° 3079/03 - Moção de Solidariedade às Entidades dos Direitos Humanos que protestam contra a prisão arbitrária da travesti Marcelly Malta - Adelmo Schwarzbold), após ser encaminhado à votação pelo Vereador Reginaldo Pujol. Em Votação, esteve Requerimento de autoria do Vereador Estilac Xavier, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 003/01 (Processo nº 3277/01) fosse considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes, o qual obteve oito votos SIM, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Juarez Pinheiro, Isaac Ainhorn e Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado Sim os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Darci Campani, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Renato Guimarães e Zé Valdir, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Na ocasião, o Vereador Cassiá Carpes formulou Requerimento verbal, indeferido pelo Senhor Presidente, solicitando o adiamento da votação, por uma Sessão, do Requerimento de autoria do Vereador Estilac Xavier, acima referido, tendo o Vereador Luiz Braz manifestado-se a respeito. Às dezoito horas e vinte e dois minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu, Ervino Besson, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Hoje temos o comparecimento do SINDUSCON-RS, que abordará o assunto “Apresentação de Estudo Sobre a Cidade de Porto Alegre”. Convidamos o Sr. Pedro Alberto Tedesco Silber, Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul – SINDUSCON-RS, a fazer parte da Mesa.

O engenheiro Zalmir Schwartzmen está com a palavra.

 

O SR. ZALMIR SCHWARTZMEN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é com muita honra que falo em nome do nosso Presidente do SINDUSCON-RS, engenheiro Pedro Alberto Tedesco Silber. Conforme os estatutos da nossa entidade, uma das regras lá estabelecidas é a nossa obrigação de trabalhar em conjunto com o Governo, e é com essa visão que nós fizemos um trabalho, o qual achamos oportuno trazer ao conhecimento dos senhores: um estudo a respeito da cidade de Porto Alegre, fundamentado numa pesquisa contratada junto a uma das principais entidades pesquisadoras do País e que tinha exatamente essa visão de poder entender o pensamento dos cidadãos de Porto Alegre, sobre a sua relação com a Cidade sob os mais variados aspectos e, também, em relação à questão ligada à discussão do momento, que é a reavaliação do Plano de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Com essa perspectiva é que foi realizado esse trabalho há mais ou menos 30 dias ou um pouco mais do que isso. De imediato, eu quero passar a palavra à representante da empresa Segmento Pesquisas, Sra. Nádia Freire, que apresentará aos senhores os resultados e comentários que entendemos de muita importância para Vossas Excelências, que têm a obrigação de estar a par para legislar pelo bem da nossa comunidade.

Passo a palavra à Nádia para fazer a apresentação do trabalho. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. NÁDIA SCHUCH FREIRE: Boa-tarde a todos. Deram-me como tempo 10 minutos, o que para uma pesquisadora é muito pouco, mas, em todo o caso, está aí o meu protesto. Vou tentar, em 10 minutos, fazer uma explanação para vocês dos principais resultados que geraram essa pesquisa, esse estudo, que resultaram em dois relatórios bastante extensos e com muita informação.

 

(Apresentação de transparência.)

 

“A Representatividade da Investigação”; na verdade foram aplicadas 800 entrevistas, sendo que 400 para representar a cidade de Porto Alegre. Nesse sentido, foram investigados 38 bairros, dando, então, essa representatividade em termos de opinião e da cidade que a gente estava avaliando.

Depois, então, em outro estudo, nós fizemos 200 entrevistas em cada bairro: 200 entrevistas com moradores do bairro Moinhos de Vento e 200 entrevistas com moradores do bairro Petrópolis.

O objetivo principal foi justamente conhecer e dar elementos e passar para o SINDUSCON essa realidade, o que é que as pessoas pensam a respeito do Plano Diretor, e até que ponto elas o conhecem ou não e, principalmente, o tamanho da construção, até que ponto é a relação delas com prédios altos e baixos.

Com objetivos específicos ou secundários, a gente quis conhecer, antes de chegar ao objetivo principal, a relação dos porto-alegrenses com a Cidade. E, depois, então, aspectos de qualidade de vida, a relação deles com o bairro, associações com morar em Porto Alegre, etc., que eu acho que trazem resultados importantes para V. Exas., já que são representantes da Cidade.

O universo, então, é a população de Porto Alegre; pessoas de ambos os sexos, com mais de 18 anos, de todas as classes sociais e residentes em 38 bairros.

O instrumento foi um questionário estruturado que, antes de ir a campo, foi pré-testado. E, como eu disse anteriormente, foram realizadas, então, para representar a cidade de Porto Alegre, 400 entrevistas. Elas foram distribuídas na Cidade, conforme cotas proporcionais de sexo, classe social, idade e região – bairro da Cidade -, conforme a densidade populacional de cada um. A amostragem assim distribuída garante os resultados com 95% de confiança para 5% de erro.

O período de campo foi o mês de junho de 2003.

As informações sobre a amostra - De uma maneira geral, esses 38 bairros nos deram o seguinte: a família tradicional prevalece. Claro que nós estávamos falando com a pessoa responsável pela moradia; então, nesse caso, o que apareceu dos nossos 400 entrevistados é que 61,3% são casados, com e sem filhos; além disso, as pessoas têm história com o bairro em que residem. Moram nele, em média, há 16 anos; quer dizer, há bastante tempo; conhecem o bairro, têm familiaridade com ele.

Em termos de imóvel próprio, obtivemos o percentual de 78,3%. Isso, talvez, justifique a qualidade de vida de Porto Alegre, porque é um percentual muito alto de imóvel próprio.

Alta potencialidade - Aproveitamos, já que a pesquisa tinha sido contratada pelo SINDUSCON, para saber da potencialidade. Quase 48% tem intenção de comprar um imóvel.

Análise dos resultados - Eu vou apresentar, em função do tempo, somente os dados da população.

A primeira questão, nós avaliamos a qualidade de vida e o que é que isso significa. Quando eu digo qualidade de vida, qual é a primeira palavra que vem ou qual é o significado que tem?

Primeiro de tudo, com 27,3%, apareceu: “morar bem”. São todas respostas espontâneas, e, quando nós nos baseamos - como em pesquisa - nas respostas espontâneas, isso está-nos dizendo que aquilo é importante para a pessoa que está sendo entrevistada.

O que é que é morar bem? É ter casa, moradia, isso gera segurança; depois, morar num local próximo de tudo: do trabalho, dos outros familiares, dos amigos, etc.

Em segundo lugar apareceu: “condições socioeconômicas”, com 25,2%. Em terceiro, “saúde”.

Esses três aspectos – ter casa, condições financeiras e ter saúde – representaram 71,5%.

Além disso, perguntou-se, também, qual a associação que ele fazia com “morar em Porto Alegre”. Isso foi uma coisa surpreendente, porque nós sempre ouvimos falar que o porto-alegrense tem uma relação muito positiva com a Cidade, e aí ficou comprovado: 83% dos entrevistados, o que podemos ampliar para a Cidade inteira, para toda a população, tiveram associações positivas com a Cidade. Lembraram de raízes: “É a minha Cidade, é onde eu moro”, etc. e tal. E os benefícios também de ser capital grande, mas ao mesmo tempo, pequena, e aquela coisa de paixão. Então, houve muito mais uma relação e uma associação com coisas emocionais do que racionais. O aspecto negativo ficou em 16,5%, e isso aí ficou para a insegurança, principalmente, e para o desemprego.

 Agora eu vou mostrar nesta lâmina, uma das perguntas que a gente fez, que foi justamente: “O que ele menos gosta em Porto Alegre?” Nós chamamos de sete grandes pecados da Capital. Primeiro: violência, com 30,3%; segundo: pobreza, desemprego e favelas, com 16,6%; terceiro: transporte, trânsito e transporte coletivo; em quarto: sujeira, alagamentos, abandono de alguns bairros, 11,6%. Isso, no relatório, que eu não sei se o SINDUSCON vai colocar à disposição de vocês, eu acredito que sim, está inclusive por bairros. É uma informação muito importante.

Depois, então, nós quisemos saber as imagens ou sentimentos dos porto-alegrenses quanto ao futuro de Porto Alegre. Aí também aparece aquela coisa positiva, nós temos um grupo de otimistas que pensam coisas positivas ou acham que todos os problemas que Porto Alegre têm hoje serão resolvidos: 78,9%, ou seja, 79% dos nossos entrevistados têm uma visão otimista quanto ao futuro de Porto Alegre. Por quê? Vai melhorar a segurança, vai melhorar emprego, eu acho que isso aí eles estão passando para vocês, estão confiando no trabalho dos Vereadores para melhorar isso aí. Os pessimistas, o grupo de 21,1%. O que eles acham? Que está diminuindo ou os problemas irão se agravar, principalmente criminalidade, desemprego, descaso, qualidade de vida e etc. e tal.

Associações espontâneas com bairro e/ou região onde mora, também acontece a mesma relação que eles tiveram com Porto Alegre: 82% consideram ou fizeram uma associação positiva; negativa com 14,3%, e principalmente em termos de o bairro ser um porto seguro, e o negativo em função da insegurança.

Entramos, então, no capítulo do Plano Diretor. A primeira pergunta foi “até que ponto você conhece o Plano Diretor?”. O que nós observamos? Que 32,1% disseram que conheciam; o restante, 68%, falou que não conhecia. Agora, o mais interessante ainda, é que desses 32,1%, 40% não souberam. Porque aí se perguntava: “O que o senhor conhece do Plano Diretor?” Para esses 32,1% e 40% não souberam dizer nada, não lembraram. “Ah, não sei, não me lembro”, esse tipo de coisa. Isso nos leva àquela conclusão que nós vamos chegar ao final, no sentido de que a população precisa conhecer mais a respeito do Plano Diretor, sobre o que ele trata, como ele é feito, quais são os seus principais aspectos ou diretrizes, esse tipo de coisa.

Bom, entramos então no assunto relativo à preferência e às percepções por tipo de imóveis. Isso nós fizemos em duas etapas. Na primeira etapa nós mostrávamos para cada entrevistado dois cartões com duas possibilidades de opção de terreno, e não se falava nada. Só se apresentava aquilo, sendo que uma tinha um prédio de 18 andares, e com terreno sendo usado - pena que eu não trouxe esse cartão -, e a outra possibilidade era a do mesmo terreno, com a mesma dimensão, sendo o terreno ocupado por três empreendimentos, três edifícios, com a mesma dimensão. E aí, então, sem estímulo verbal, só com esse estímulo gráfico, perguntava-se para ele o seguinte: em qual desses prédios ele gostaria de morar. O que nós obtivemos? Sessenta e cinco por cento preferiu a alternativa número 1, que seria aquele prédio de 18 andares. Quem preferiu esse prédio? Aqueles entrevistados com mais renda; moradores da Zona Norte, principalmente; e os casados com filhos. Trinta e quatro por cento preferiu a alternativa do mesmo terreno sendo ocupado por três prédios. Quem foram esses? Pessoas com menos renda, moradores da Zona Sul, que tem toda uma característica de prédios mais baixos ou de casas, principalmente; e os solteiros ou morando sozinhos.

Os principais argumentos que eles justificaram para ter essa preferência ou essa escolha: o prédio de 18 andares, que foi eleito por 65% da amostra, teria como benefícios: principalmente o lazer, a segurança e o conforto.

Quer dizer, eles já tinham dito quais eram os problemas, e justamente apareceu aquele principal problema que era o da insegurança, em função de o prédio mais alto ser mais seguro. Em termos de quem preferiu os três prédios de 6 andares, que foram os 34% da amostra, foi muito interessante, porque a grande maioria, quer dizer, um percentual maior coube a problemas ou causas, ou justificativas de razão psicológica, principalmente medo de altura e insegurança. Insegurança, em função de o prédio pegar fogo, de haver algum problema e a pessoas não conseguirem sair do prédio. Além disso, foi também justificado que prejudicam a beleza da Cidade, existem mais pessoas morando, mais movimento de pessoas, etc. Depois desses dois - a gente queria saber muito mais sobre a percepção com relação àquilo que estava sendo mostrado -, estimulou-se verbalmente, descrevendo o que possuía cada prédio ou cada opção; o que eles ofereciam. E aí muda pouco em termos de preferência de em qual prédio morar: 63% continuaram dizendo que comprariam um prédio de 18 andares, e 37% comprariam no empreendimento de três prédios. Os motivos: justamente ainda o lazer e o conforto, no de 18 andares; e, no menor, também em função de natureza psicológica: medo de altura, principalmente, e o medo de incêndio e da insegurança. Sendo que o medo de altura significou 37% desses 36% que optaram pelos empreendimentos de três prédios. Quanto à preferência, existia uma curiosidade em saber até que ponto a pessoa opta por morar em um bairro mais populoso, do tipo do Moinhos de Vento, Petrópolis, etc. Quarenta e três por cento – olhem que é um percentual bastante elevado – estariam dispostos a morar; e 57%, não. Há os que gostariam de ter tudo por perto – bairros com toda a infra-estrutura – e os outros que não estariam dispostos a isso, em função da agitação, do barulho e do movimento.

O questionário todo era bastante longo, com várias opções de perguntas, justamente para a gente evitar aquela coisa induzida. De várias formas tentou-se captar a opinião da população, então apresentaram-se algumas frases. Em uma delas foram apresentadas frases e pediu-se para que o entrevistado, por intermédio de uma escala de 1 a 7 - escala de concordância onde o 1 significa que a pessoa discorda totalmente e que o 7 concorda totalmente -, dissesse até que ponto ele discordava ou concordava com algumas frases. O que nós obtivemos? Classificamos em termos de consenso; consenso seriam aquelas médias que ficariam entre 4,5 e 5,9, em termos de concordância. Quais foram essas frases? “Ainda é cedo para avaliar o impacto do Plano Diretor”, foi a principal, e houve um consenso, apresentando uma média de 5,65; em segundo: “O Plano foi elaborado por técnicos, especialistas competentes e que conhecem o assunto”: 5,52; “Participa da luta contra a construção de prédios altos quem mora ao lado do terreno onde o prédio será construído”: 5,32. Frases “Polêmicas” a gente diz por quê? Porque metade ficou concordando e metade discordando. A primeira delas, com a média um pouco mais alta, porque era entre 3,50 e 4,40: “Prédios altos provocam reações em moradores antigos, temendo que pessoas com outro nível social irão morar no bairro”. Ou seja, a população se dividiu: metade concorda, metade discorda. A outra, “Prédios altos provocam problemas de esgoto”, com 3,78, também foi uma questão polêmica.

Então se perguntou diretamente se eram a favor ou contra os prédios altos. O que se obteve? A favor: 25,3%. Por quê? Democratização de espaço urbano oferece soluções inteligentes, a vista que proporciona, estética, lazer para a Cidade, etc. Mostraram-se indiferentes 42,8%; quer dizer, para eles, nada contra, tudo igual, não há problema nenhum. Mostraram-se contra os prédios altos 31,8%. Por quê? Justamente apareceram novamente aqueles motivos alegados antes: medo de altura, incêndio, acidentes, tira a visão dos prédios vizinhos, superpopulação. Quer dizer, no prédio alto há muita gente morando junto, despadronização do bairro e da beleza da Cidade.

Então se perguntou alguma coisa sobre o Solo Criado. Primeiro, explicou-se do que se tratava, porque se a gente perguntasse o que ele achava sobre o Solo Criado, se era a favor ou contra ou a importância disso, realmente a população tem pouco conhecimento disso aí. Como é que se explicava? Justamente com o que está escrito na tela: “Possibilidade de construir prédios entre 14 e 18 andares gera recursos para que a Prefeitura invista em habitação. Até que ponto você acha isso importante para a melhoria da qualidade de vida em Porto Alegre?” Bom, 08 em cada 10 considera a iniciativa de muita ou média importância. Muita importância: quase 60%, 59,8%; de média importância, 20%. Pouca, 7,5%; nenhuma, 8,5%.

Depois, sobre o movimento de bairro; até que pontos eles conhecem e participam. Conhece e participa: 7% da população de Porto Alegre. E metade, quando se perguntou de qual movimento de que ele participava ou que ele conhecia, o Orçamento Participativo foi o que teve o maior percentual, dentro dessa lembrança. Depois, “Conhece e não participa” com 10,3% e “Não conhece”, 83%.

Então o que nós vemos é o seguinte: ou Porto Alegre é muito linda e muito maravilhosa que as pessoas ficam envolvidas com o que ela oferece, porque, realmente, com relação às coisas da Cidade que dizem respeito a eles, eles têm pouco conhecimento.

Esses são os recados, então, para o Plano Diretor: “ter mais construções populares”, foi o primeiro, com 12,5%. Claro que nós estávamos falando com pessoas de todas as classes sociais: A, B, C, D e E, e nos 38 bairros. Então, bairros tanto de poder aquisitivo alto, como baixo, como médio, etc. Depois, então: “continue como está”, com 6,3%. Geralmente, as sugestões em pesquisas têm um percentual não tão alto, porque elas são muito pulverizadas, quando abrimos o item “outros”. Realmente, às vezes é uma citação, mas às vezes são sugestões importantes: melhorar o saneamento básico, dar mais infra-estrutura, isso são necessidades, sugestões que significam necessidades também; divulgar o Plano, não construir prédios altos. Vocês vêem que demos bastante... E aí aparece com 3,8%, com um percentual pequeno. Depois, então: diminuir a violência, fiscalizar, para que se cumpra o que estava no projeto, melhorar a qualidade de vida, crescer a Cidade, construir onde não há prédios e cuidar, manter parques, áreas verdes, arborização, etc.

Como considerações finais dessa etapa, que foi feita junto à população, nós principalmente assinalamos que a população precisa conhecer melhor o Plano Diretor, afinal foram poucos aqueles que o conheciam, e os que o conheciam não sabiam dizer o que era, a sua legitimidade e a sua consistência técnica. Eles conhecem pouquíssimo, eles precisam conhecer isso. Além disso, a opinião pública é favorável à dinâmica da Cidade. A população prefere morar onde tem infra-estrutura; isso é fundamental, e, principalmente, não tem preconceito com o tema “altura”, previsto no atual Plano.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A senhora, agora, por favor, tome assento à mesa, porque agora as Lideranças da Casa vão se manifestar.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Presidente João Dib, quero cumprimentar aqui o SINDUSCON, pelo trabalho que foi apresentado. Há a preocupação de que nós possamos aqui, de alguma forma, estar trabalhando em conjunto, com toda a sociedade, na reavaliação do Plano Diretor, e fazer o melhor trabalho possível. Há três anos votamos um novo Plano Diretor para Porto Alegre, fizemos em contato com o conjunto da sociedade, marcamos no próprio Plano a reavaliação para daí a três anos, e acredito que vamos precisar realmente de todos esses estudos. Eu sei que o estudo não foi apresentado por completo, ele foi apresentado apenas parcialmente. Vou pedir ao Presidente da Câmara que solicite uma cópia do estudo para que principalmente nós Vereadores, que vamos formar a Comissão, possamos realmente ter esses dados, a fim de podermos estar nos embasando com esse estudo e com outros mais, para que nessa reavaliação que nós temos de fazer, aqui na Câmara Municipal, por meio da Comissão que nós estamos constituindo, possamos trazer contribuições outras para reformulação do Plano.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu entendo o que o Ver. Luiz Braz com muita sensibilidade já falou, o que eu acho que é predominante entre os Vereadores, de que a contribuição aqui trazida com essas informações é positiva e é conveniente. A única pequena divergência que eu tenho com ele é de que não só aqueles que irão integrar a Comissão, mas todos os componentes da Casa, já que nem todos poderão compor a Comissão, que recebam essas informações complementadas, inclusive porque a própria apresentadora justificou que, pela limitação do tempo, não tinha condições de apresentar todo o Projeto, e isso certamente será objeto de análise de parte dos Vereadores da Casa e de meditação a respeito daquilo que foi levantado junto à opinião pública, ficando muito claro que esse fato amplamente detectado de que a maioria da Cidade não conhece o Plano Diretor, não sabe o que ele busca fazer, nem qual é a sua importância e o seu significado. Esse é um fato que deve gerar uma preocupação muito grande dos Vereadores e de todos aqueles que têm responsabilidade com a Administração da coisa pública na Cidade, de levar um esclarecimento à opinião pública sobre o que trata o Plano Diretor e quais as suas conseqüências práticas no dia-a-dia dos cidadãos e cidadãs porto-alegrenses. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar a nossa saudação ao SINDUSCON. Sou Presidente da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação desta Casa, e queria dizer que vamos estudar atentamente os dados aqui trazidos. Creio que serão colocados à disposição da Câmara; é um elemento a mais a considerar, evidentemente. Consideramos importante a avaliação do Plano Diretor, depois de três anos, e não somente porque se passaram três anos, mas porque nesse período foi aprovado o Estatuto da Cidade. É legislação revolucionária, completamente nova, e evidentemente que um Plano Diretor não pode deixar passar isso em branco. Essa é a nossa preocupação fundamental.

Quanto a uma polêmica que existe na Cidade, queria dizer que não somos nem fundamentalistas da verticalização da Cidade, nem fundamentalistas da horizontalidade da Cidade. Achamos que se deve trabalhar não em cima de um senso comum, mas em cima de estudos objetivos, técnicos, que evitem, por um lado, problemas de falta de aeração da Cidade, falta de insolação de bairros, problemas também de poluição visual; mas é possível encontrar uma média dos interesses, por um lado dos construtores que são objetivos, e nós conhecemos, os interesses do Poder Público que quer aproveitar a infra-estrutura disponível e os interesses daqueles que estão instalados em bairros bons, e que não querem abrir espaços. São todos interesses legítimos que nós temos de ter a capacidade, na Câmara - e teremos -, de mediar.

Por isso, escutamos atentamente o ponto de vista do SINDUSCON, que é legítimo, assim como temos escutado, nesta Casa, as opiniões de outros setores e de outras visões. Creio que esta Casa terá maturidade, assim como conseguiu fazer um bom Plano Diretor, de adaptá-lo à nova realidade do Estatuto da Cidade e de também tomar em conta as preocupações da Cidade.

A nossa saudação a todos, e cremos que serão aproveitadas as informações que o SINDUSCON nos traz. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Dr. Pedro Alberto Tedesco Silber, Presidente da SINDUSCON; Dr. Zalmir Schwartzmen, e senhora apresentadora da empresa de consultoria, os nossos cumprimentos. Nós achamos que esse é mais um instrumento importante, e os Vereadores que nos antecederam colocaram com precisão que é, para o nosso trabalho, notadamente após o dia de ontem, quando aprovamos nesta Casa, a Comissão Especial de 17 vereadores que fará a instalação do processo de reavaliação do Plano Diretor da Cidade de Porto Alegre. Nós sabemos que qualquer lei, no momento da sua promulgação, da sua sanção, é suscetível de reavaliação, mas é óbvio que no corpo da própria Lei Complementar n.º 434, de 1999, quando nós colocamos já a definição do tempo para reavaliação, o fizemos com a responsabilidade de que essas questões demandam uma reavaliação periódica pela dinamicidade da vida urbana. Nós ontem mesmo participamos de reuniões em nível de satisfação, mas há altos níveis de insatisfação, a questão da própria miscigenação e o zoneamento de uso em alguns bairros como por exemplo no Moinhos de Vento, e isso ontem num debate de que participamos, à noite, com a comunidade do Moinhos de Vento, notamos o grau de saturação de espaços, de bares, de restaurantes, em conflito com os moradores, e são questões que nós vamos ter, com base nesses elementos, com base na participação da comunidade.

Infelizmente, até hoje, não foi regulamentado o dispositivo do art. 44 do Plano Diretor. Nós temos aí um poderoso material de estudo para reflexão, e certamente o trabalho do SINDUSCON vai nos proporcionar alguns elementos para reflexões. É uma pesquisa, e a senhora mesmo apresentou que há uma margem de erro na pesquisa; cientificamente isso existe, mas achamos que vai ser um elemento, dentre outros, no contraditório, um instrumento importante na reflexão e no trabalho que estaremos desenvolvendo a partir da semana que vem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, João Antonio Dib, prezado Presidente Pedro Silber, Diretor Zalmir, acho que esses dados trazidos são de alta relevância, porque se 70% da população não conhecem o Plano Diretor, acho que esta Casa vai ter de trabalhar muito com a comunidade para poder discutir o Plano Diretor, e dos 30% que conhecem, talvez 10% ou 15% conheçam com profundidade. Portanto, pouca gente conhece o Plano Diretor, portanto esta Casa vai ter uma tarefa muito grande.

Nós temos a visão de que a revisão do Plano Diretor não pode ser a substituição de uma carta de intenções por outra carta de intenções, porque a Carta de Intenções de 1999, na sua maioria não foi complementada, porque as leis que derivaram daquela Lei Maior, não vieram para esta Casa e eu poderia dar vários exemplos disso.

Então, é uma questão que estamos vendo com muito ceticismo por parte do Executivo, que não queria a revisão desse Plano Diretor, e foi pela pressão popular, legítima da comunidade, ele foi levado a essa condição. Mas numa discussão muito rápida, num curto espaço de tempo, no dia seis finaliza a Conferência, tenho participado de algumas delas, e não estou vendo grandes mudanças. Vejo algumas questões pontuais. Então, esta Casa vai ter condições de trabalhar muito, com muita profundidade. Acho que a Segmento é uma empresa muito séria e, portanto, quero me situar em dois eixos: a questão do Plano Diretor, mais a avaliação do conjunto da Cidade. Na outra questão do conjunto, quero dizer que não concordamos, porque achamos que essa pesquisa pode pertencer a um campo virtual, não do Plano Diretor, quero retirar a questão do Plano Diretor, porque a cidade real que nós vivenciamos, é uma Cidade com 480 áreas irregulares, onde a Saúde está muito mal, uma Cidade onde há muitas dificuldades na periferia e no Centro.

Portanto, quero diferenciar, acho que a pesquisa nos introduz uma questão do Plano Diretor muito interessante, mas, no outro campo, temos uma discordância em relação a ela. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Quero saudar o Sr. Pedro Silber, demais componentes da Mesa, e dizer que a pesquisa é boa, no sentido de que nos dá um parâmetro para podermos analisar, mas ela ficou bem clara num aspecto: construções populares.

Há outro ponto que foi colocado, e não quero me deter nos pontos que os outros Vereadores falaram, mas ficou bem claro: construções populares. Então, como nós vamos colocar construções populares em bairros que são mais de elite? Portanto, o que falta é nós chegarmos ao equilíbrio de termos uma construção popular que é a maioria da população que quer, porque hoje nós vemos invasões, terras que não estão legalizadas, e, conseqüentemente, isso é um aspecto que contribui para uma melhor moradia em Porto Alegre. Esse é um debate que será profundo e trará, por parte dessa pesquisa, subsídios aos Vereadores, à população, para que se tenha esse equilíbrio. Então, vamos aguardar.

A Comissão foi feita por 17 Vereadores; depois o Plenário decide. Até lá, nós tomaremos conhecimento de mais alguns aspectos que serão necessários para a nossa aprovação aqui no plenário. Obrigado pela presença dos senhores.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Venho em nome da minha Bancada, o Partido dos Trabalhadores, saudar os representantes do SINDUSCON-RS, bem como o representante da empresa que fez a pesquisa. Sabiamente os Legisladores acabaram prevendo a possibilidade de reavaliarmos o Plano após três anos. Nós temos, do ponto de vista da minha Bancada, uma avaliação de que esse Plano é bastante avançado em relação à Legislação existente no Brasil, mas isso não quer dizer que, eventualmente, a gente não tenha de fazer algumas reformulações, algumas modificações.

Acho que essa pesquisa, como foi dito, é um dos elementos. Nós, como Bancada do Governo, ficamos bastante satisfeitos quando começamos a identificar na pesquisa que aquilo que a população reconhece como organização popular é o Orçamento Participativo. Mas enfim, traz um outro conjunto de situações que eu acho que merecem ser analisadas. Penso que faz parte do debate que essa Comissão, que foi aprovada no dia anterior, vai estabelecer nesta Casa.

Nós tivemos a oportunidade, há alguns meses, por solicitação da Comissão, se não me engano, de Saúde e Meio Ambiente, Presidida pelo Ver. Beto Moesch, de ouvir o Governo. Na abertura do recesso nós ouvimos Associações, e hoje nós estamos ouvindo aqui o representante do SINDUSCON-RS. Acho que é parte do debate que deve trazer elementos para a gente poder encaminhar esse processo de reavaliação do Plano Diretor.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch está com a palavra.

 

O SR. BETO MOESCH: O Partido Progressista saúda o Sr. Pedro Alberto Tedesco Silber, Presidente de SINDUSCON, seu Diretor Zalmir, que tem representado o SINDUSCON em vários debates, e a pesquisadora. Em um primeiro momento, gostaríamos de solicitar essa pesquisa, que, como já foi dito, é um instrumento de fundamental importância para o trabalho que nós devemos fazer a partir da instalação da Comissão do Plano Diretor. Sem sombra de dúvida, é um instrumento importante que colabora, não só em dados, mas até pelo fato de mostrar para a sociedade que existe um Plano Diretor e que está-se debatendo o Plano Diretor; nesse sentido, também é importante a pesquisa. E, realmente, agora parece que sociedade está-se dando conta de que o Plano Diretor é a peça mais importante para suas vidas; isso nós sentimos muito, e nós, ao natural, também somos pesquisadores, porque um Vereador, quando põe o pé na rua, literalmente, já é imediatamente abordado pelas pessoas. Então, nós constantemente fazemos pesquisas e nos damos conta de que as pessoas estão muito interessadas, acompanhando o processo de desenvolvimento da Cidade, e sabem que isso passa pelo Plano Diretor, que não diz respeito só às alturas, mas, como estamos colocando aqui, à regulamentação daquilo que está previsto no Plano Diretor, mas que, infelizmente, não foi regulamentado e que provoca os conflitos que aí estão, muito mais do que simplesmente à questão das alturas.

A pesquisa mostrou muito uma das coisas mais importantes para a cidade de Porto Alegre e para o País como um todo, mas que, infelizmente, quase inexiste desde a época da extinção do BNH: a política habitacional com seriedade. Isso é o que está faltando para a Cidade, e estão aí 200, quase 300 mil habitações irregulares somente em Porto Alegre. Parabéns pelo trabalho, que é importante para o amadurecimento do debate. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A apresentação do trabalho feito pela Dra. Nádia Schuch Freire foi da mais alta relevância nesse comparecimento do SINDUSCON. Tenho certeza de que há de servir para todos os Srs. Vereadores, especialmente porque cada um dos Vereadores receberá sua cópia para o importante trabalho que iremos fazer com a Comissão que ontem foi aprovada. Quero, neste momento, agradecer o Engenheiro Pedro Alberto Tedesco Silber, o Engenheiro Zalmir Schwartzmen e a Dra. Nádia Freire pela presença, e dizer, mais uma vez, que estamos profundamente agradecidos pelo trabalho. E podem Vossas Senhorias ter certeza de que ele será muito bem aproveitado.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h01min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 15h04min): Estão reabertos os trabalhos. Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Carlos Elói Lima Padilha, representando a Associação dos Moradores do Jardim das Estrelas, está com a palavra para tratar de assunto relativo à passagem gratuita para os filhos de famílias carentes, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. CARLOS ELÓI LIMA PADILHA: Gostaria de cumprimentar o Presidente desta Casa e todos os Vereadores e Vereadoras que compõem a Câmara de Vereadores da Capital do nosso Estado.

Eu estou aqui em nome da minha associação comunitária, e de diversas outras que me procuraram para fazer este manifesto a favor do Projeto de Lei Complementar que cria o passe livre para os estudantes carentes do Município de Porto Alegre. Mas para isso eu tenho duas pequenas reflexões justamente para tentar justificar alguma coisa por motivo desse passe-livre.

É o seguinte: o trabalhador brasileiro que está aí, até a década de 1960, ainda era pobre, mas hoje ele é miserável.

A Legislação Trabalhista nº 5.452 de 1º de maio de 1943, homologada pelo Presidente Getúlio Vargas, criou essa Lei do Trabalhador e criou um salário digno para os trabalhadores; e, meus companheiros, esses trabalhadores da década de 1970 para cá, perderam o poder aquisitivo. Foi criado dentro dessa Legislação que cada cidadão, cada profissional deve ter o seu sindicato para assessorar os seus direitos trabalhistas, e, infelizmente, isso foi largado, companheiros.

Nós temos um exemplo aqui que, de uma central única de trabalhadores que nós temos no Brasil, foram criadas 11 outras. É uma fazendo concorrência para a outra, e o nosso trabalhador perdendo cada vez mais o seu direito trabalhista e o seu direito digno de um salário que desse a sustentação para a família desse trabalhador, como: educação, alimentação, transporte, higiene, vestuário, saúde e habitação, pois não há mais isso aí. Hoje, esse salário que cobria todas essas despesas, eles apelidaram de salário mínimo. O mínimo não tem discussão, Srs. Vereadores, o mínimo é zero abaixo de zero, e terminou. Duzentos e quarenta reais não é salário para nós chegarmos lá na OIT e dar esse valor para a Organização Internacional do Trabalho. Eu me sentiria envergonhado de chegar lá e dizer isso: “Lá no Brasil, nós temos um salário mínimo de 240 reais”. Entendeu?

A outra reflexão que eu tenho também a fazer aos senhores: em Porto Alegre, até 1989, o trabalhador porto-alegrense tinha as empresas que davam sustentação ao seu trabalho, e essas empresas, por não terem incentivo, por não terem nada que os ajudassem, nos abandonaram; nós tínhamos aqui a Brahma, a Pepsi, a Antártica, a Avipal, a Mu-Mu, a Souza Cruz, e muito mais, que fugiram, debandaram para a Grande Porto Alegre. Hoje, o trabalhador porto-alegrense tem de sair da Restinga e ir trabalhar em Gravataí, Cachoeirinha, Viamão, Novo Hamburgo, Alvorada, e isso fez com que esse trabalhador necessitasse de quatro passagens; empobreceu a mesa do trabalhador e enriqueceu, sim, centenas de empresas de transporte, tanto municipal quanto intermunicipal. Então, hoje, meus companheiros, estamos aí nessas varas de periferias, enterrados. Os trabalhadores que têm 45 anos, 55 anos, são discriminados e não têm mais serviço, suas esposas têm de sair e fazer faxina para os filhos não morrerem de fome. E o filho, para ir à escola e estudar? Não tem, não tem! Mas em compensação, meus companheiros, o brigadiano, que é empregado, tem passe livre; o oficial de justiça, que é empregado, tem passe livre; o “azulzinho”, que é funcionário de uma empresa pública, tem passe livre. Há passe livre para cidadãos empregados, e muito bem remunerados. Nos Correios e Telégrafos, é um horror! Então, vamos fazer o seguinte, vamos estudar – e peço aos Srs. Vereadores que estudem essas concessões para assegurar o futuro das nossas crianças que estão aí e precisam estudar, senão vamos ser coniventes com um batalhão de delinqüentes daqui a cinco ou seis anos, e um batalhão de prostitutas, filhas desses coitados, desses trabalhadores que não têm como mandar os filhos à escola.

Recebi, dentro da FRACAB, da qual também faço parte, uma senhora da Ilha das Flores; ela disse que lá tem 300 crianças para trazer - e ela tem até os locais: aqui na AACD, e locais para dar cursos para essas crianças -, mas não pode tirar de lá porque eles não têm passagem escolar. Então não podemos nos omitir, não podemos incentivar essa delinqüência desordenada e não ter a responsabilidade de, pelo menos, subsidiar essa passagem escolar para esses filhos de trabalhadores que estão desempregados há muitos anos.

Nós temos outro artifício, aqui, para que a Câmara de Vereadores chegue a esse aspecto. Nós temos em Porto Alegre, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, um monte de artifícios arrecadadores impostos aos usuários de carros da nossa Capital, através de multas. Nós temos vários exemplos: “pardais”, lombadas eletrônicas, “caetanos”, “pardais” móveis, “azuizinhos” multando, área azul, parquímetro, estacionamento público, tudo isso aí arrecada dinheiro grosso para dentro do cofre da Prefeitura Municipal. Então, eu quero que os senhores, junto com o nosso Prefeito de Porto Alegre, sejam sensíveis para tirar um percentual desse montante arrecadado por ano, e repassem esse percentual para o passe livre dessas crianças carentes, já que a maior dificuldade da nossa vida é dar uma educação digna para os nossos filhos.

Temos, aqui, também, uma nova situação: as escolas já estão funcionando até aos domingos, e as passagens escolares aos domingos e nos feriados não têm validade para a roleta dos ônibus; isso é uma barbaridade, isso aí é uma calamidade que não entendo, não sei explicar para os senhores, pois não sou técnico, mas é um horror! Hoje se tem uma atividade na escola, lá em tal lugar, a criança não pode ir porque não pode pegar ônibus; não tem validade a passagem escolar que eles têm na mão, os poucos que ainda têm. Isso também deve ser pensado. Lá em Livramento, na nossa cidade-fronteira, no nosso Município, o Prefeito de lá teve a sensibilidade de, nessas baixas da gasolina, de óleo, baixar a passagem; é um percentual pequeno, mas ele baixou. Entenderam? Ele teve a vontade soberana e política de baixar um percentual da passagem urbana na cidade de Livramento, entenderam? Outra coisa, peço ao Sr. Presidente desta Casa, através das Associações que me deram o aval para chegar até aqui a esta tribuna, para que no dia em que este Projeto de Lei for trazido a esta Câmara para ser votado, que seja uma votação aberta, porque a população está me cobrando. Nós queremos saber qual o Vereador que será a favor ou contra, porque nós, comunitários, temos que fazer a avaliação dos nossos representantes que estão na Câmara de Vereadores. Queria fazer esse apelo aos nossos queridos Vereadores e Vereadoras da nossa querida e grande Porto Alegre. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Carlos Elói Lima Padilha, Presidente da Associação dos Moradores do Jardim das Estrelas e demais associações que V. Sa. hoje representa nesta Casa. Em nome da Bancada do PDT e de seus Vereadores, Nereu D’Avila, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Dr. Goulart, meu querido amigo, e este Vereador, eu queria saudar V. Sa.

Esse Projeto de Lei é de autoria deste Vereador e digo mais, não falei com nenhuma dessas associações para que viessem aqui usar a tribuna no dia de hoje. Foi iniciativa delas, portanto, chamo a atenção dos Srs. Vereadores para esse projeto, que trata-se, simplesmente, de transferência de recursos, retirando recursos de seis fins de semana dos ônibus da cidade de Porto Alegre – acho que já valeu o trabalho social -, para serem canalizados para as crianças que não têm dinheiro para freqüentar as escolas. Apelo aos nobres colegas Vereadores que consultem as escolas, os pais dos alunos, para saber por que as crianças não freqüentam as escolas, por que não têm dinheiro sequer para um vale-transporte.

Mais uma vez, agradeço ao Sr. Carlos Padilha, que aqui está representando essas associações, e aos Srs. Vereadores, que, se tiverem dúvidas sobre esse Projeto, façam uma pesquisa na sua comunidade e nas escolas para que possamos votar esse projeto, que será de grande valia, de grande benefício principalmente para o povo mais pobre desta Cidade, que não pode nem freqüentar as salas de aula. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, a minha saudação e do Ver. Haroldo de Souza ao Carlos Elói Lima Padilha, em nome do nosso Partido, o PMDB. Quero dizer que a democracia é uma coisa extraordinária: há cinco minutos, nós assistimos aqui a uma pesquisa virtual sobre a qualidade de vida em Porto Alegre e, agora, nós estamos aqui assistindo a uma pesquisa real, de alguém que representa uma grande comunidade, dizendo das demandas e dificuldades que nós temos na nossa Cidade.

Nós queremos dizer, Padilha, que o senhor fez aqui um apanhado daquilo que é – na nossa avaliação – a dura realidade da sociedade brasileira, da sociedade gaúcha e da sociedade porto-alegrense. Há uma recessão enorme, um desemprego enorme, as empresas em estado falimentar, uma boa parte delas, e o Poder Público inoperante nas suas áreas principais. Agora, eu acho, Padilha, que nós, na medida em que o Ver. Ervino Besson propõe esse Projeto – eu já queria deixar aqui, Ver. Ervino Besson, uma sugestão – nós devemos fazer uma, duas ou três audiências públicas para discutir a questão do transporte como um todo. Por que como um todo? Porque a Prefeitura de Porto Alegre não entra com um centavo na passagem; com nenhum centavo. E toda vez que eu coloco uma isenção, alguém vai pagar essa conta. Ora, isso é uma questão complicada, porque o cobertor é curto! Hoje, 20% não pagam, 18% não pagam!

Bom, essa pesquisa não existe, é irreal, mas eu aproximo em 18%. Agora, essa discussão tem que ser feita no seu conjunto. Eu acho que a proposta do Ver. Ervino Besson é louvável e aplaudida e não tem nenhum Vereador que vai ser contra essa proposta.

Agora, eu preciso analisar o conjunto do transporte coletivo. Tem alguém – na minha avaliação – que está isento e que deveria pagar. E alguém que não está isento e que não pode pagar a passagem. Eu acho que nós temos que enfrentar essa questão. Por que não enfrentar isso é fazer uma discussão demagógica. Um abraço ao senhor e a sua comunidade. Com certeza, o senhor tem, da nossa Bancada, não só o apoio pontual nessa questão, mas em todo o conjunto daquilo que o senhor expressou aqui no plenário. Um abraço.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, em primeiro lugar, a nossa saudação ao companheiro Padilha, de muitas lutas comuns, do Movimento Comunitário, da UAMPA, em nome de quem saúdo todas as lideranças que aqui comparecem para acompanhar o seu pronunciamento. Eu queria dizer que acabou de ser sancionada a Lei Federal n.º 10.709, no ultimo dia 31 de julho, que deverá entrar em vigor no mês de setembro, que obriga os Estados a custearem, na íntegra, o transporte escolar dos alunos matriculados na rede estadual de ensino e, ao mesmo tempo, obriga os Municípios a custearem, também na íntegra, o transporte dos alunos da rede municipal; ou seja, com essa Lei, que é nacional, os alunos matriculados nas escolas do Município de Porto Alegre e que, evidentemente, estiverem distantes delas, deverão ter o seu transporte garantido pelo Município. Nas escolas estaduais situadas no município de Porto Alegre, o transporte será custeado pelo Estado.

Temos a idéia de fazer uma reunião na CUTHAB para ver como isso vai-se dar. Eu creio que será contemplada essa preocupação, porque não haverá um limite de dois salários mínimos; porque supõe-se que os alunos da escola pública tenham uma necessidade.

Vamos estudar o Projeto do Ver. Ervino Besson, cuja intenção é justa, mas eu quero crer - estudei hoje o Projeto do Ver. Ervino, estou com o Projeto Federal aprovado - que ele contempla isso.

Quanto à preocupação do Ver. Sebastião Melo de uma discussão mais global da tarifa, digo-lhe que nós já fizemos uma discussão na CUTHAB sobre a questão da ATL e que já estamos propondo a idéia de uma grande discussão sobre a tarifa do transporte de Porto Alegre. Nesse caso, convidaremos, certamente, o Ver. Sebastião Melo, que tem demonstrado sempre uma boa preocupação sobre a questão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Caro amigo Carlos Elói Lima Padilha, da UAMPA, na sua palavra final nos chamou de queridos Vereadores. Claro que nós não somos tão queridos assim, mas o senhor quer uma votação aberta, como se pudesse desconfiar de algum voto de algum Vereador.

Eu quero dizer que todas as votações desta Casa são abertas; todas. Não existe votação secreta aqui e todas são no painel, para todo mundo ver, e, se alguma pessoa no mundo que se posiciona e não fica “em cima do muro” é o Vereador, que tem votar sim ou não. Partindo desse princípio, o senhor pode confiar que toda a questão que vier e estiver ligada à criança, ao transporte da criança, ao sustento da criança, ao ensino da criança e a moradia da criança, para nós é uma questão de honra. O PSDB votará, de imediato, sempre a favor da criança. Nós não faríamos nada que não fosse nesse sentido, agrade ou desagrade a quem quer que seja. Nós temos uma posição inflexível em relação às necessidades das nossas crianças que serão o futuro da nossa Cidade e do nosso País. Nós não queremos nem prisioneiros e nem meninos na FEBEM; nós queremos crianças saudáveis e adultos cidadãos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, João Antonio Dib, Sr. Carlos Elói Lima Padilha, com todo o respeito, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, eu quero dizer que o senhor traz uma questão muito complexa, porque todos os Vereadores desta Casa sabem que a cada isenção de passagem que se oferece, diminui o IPK, o índice de passageiros por quilômetro, onerando o sistema, aumentando as passagens, atingindo e penalizando sempre os mais pobres. Eu concordo com o Ver. Sebastião Melo, quando ele diz que essa questão deve ser discutida no seu conjunto. O Ver. Raul Carrion oferece uma Lei que talvez seja uma solução, mas também é importante lhe dizer, com muita sinceridade, que os Vereadores não têm competência para oferecer nenhum tipo de isenção. A cidade de Porto Alegre já tem diversas isenções: os excepcionais e seus acompanhantes não pagam passagem; os soldados, os cabos; os idosos com mais de 60 anos de idade; os ex-combatentes da 2ª Guerra; os portadores de HIV, sendo que os estudantes e professores têm 50% de desconto, além do dia do passe livre.

Os Vereadores do PT sempre têm uma posição muito firme e nós lutamos pela dignidade, pela cidadania, pela geração de emprego, e esse tem sido o trabalho da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado senhor Carlos Elói Lima Padilha, Presidente da Associação dos Moradores do Jardim das Estrelas. Esse é um tema que tem sido bastante discutido aqui na Casa, e entendemos que no nosso País, com as dificuldades sociais que tem, e tendo como base do seu programa a questão da fome, esse tema tem de ser, realmente, discutido. Ao mesmo tempo, fora alguns dados, imagine o senhor que a cada quatro pessoas que entram no ônibus, uma não paga. Só que o cálculo tarifário é feito sobre os quatro e não sobre os três. É por isso que a passagem é R$ 1,45. Então a gente tem de discutir.

A Ver.ª Margarete Moraes apontou todos aqueles que não pagam; há essa Lei Federal que vai entrar em vigor, e os Estados terão essa obrigação. Agora, nós temos duas situações. O que o senhor postulou aqui é para as famílias carentes, numa amplitude; e o Município, na sua competência tem de legislar sobre os seus alunos. Então os alunos da rede municipal pela nova legislação Federal, sobre estes, o Município vai ter de legislar e dar a passagem. Os demais, que são do Estado, o Estado vai ter de pagar. Agora, o senhor pode ter a certeza que nós também vamos fazer esse movimento junto à Assembléia Legislativa para que o Governador Germano Rigotto cumpra essa legislação Federal, porque, na realidade, o que nós queremos e merecemos é que as nossas crianças possam sentar nos bancos escolares, que tenham comida e, principalmente, tenham a possibilidade de estudar. Mas nós não podemos, ao mesmo tempo, ser demagogos e dizer que todos poderão ter passagem gratuita. Mas estamos preocupados com isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu agradeço a presença de todos os senhores integrantes da Associação dos Moradores do Jardim das Estrelas, especialmente ao Sr. Carlos Elói Lima Padilha, que é o Presidente. Eu desejaria lembrar aos Srs. Vereadores que a legislação Federal a ser sancionada por S. Exa. o Sr. Presidente da República nada tem a ver com aquilo que aqui está propondo agora a Associação dos Moradores do Jardim das Estrelas. Saúde e paz.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às15h28min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 15h29min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O período de Comunicações hoje é destinado a assinalar o transcurso do 50º aniversário do Riograndense Tênis Clube, nos termos do Requerimento de autoria do Ver. Ervino Besson e aprovado pela unanimidade da Casa. Compõem a Mesa o Sr. Dorvalino Lunardelli, Presidente do Riograndense Tênis Clube; o Sr. Roni Ramos Guimarães, Secretário do Riograndense Tênis Clube; o Sr. Celso Gai, Tesoureiro do Riograndense Tênis Clube.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Exmo. Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu gostaria de, em memória, lembrar o Nelson Lodi, que seria um dos primeiros a estar presente aqui nesta homenagem ao Riograndense, pelo carinho e pela história que ele tinha com o Clube. Portanto, fica aqui o nosso sentimento de memória ao nosso querido e saudoso Nelson Lodi.

Tudo começou com a idéia de fundarem uma sociedade para reunir as famílias nesse bairro que já prenunciava progresso. A essa idéia, agregaram-se novos componentes e, finalmente, aos 11 dias do mês de maio de 1943, na residência do Sr. José Cézar de Mesquita, e a presença de 14 interessados deu início à criação dessa sociedade. Primeiro foi escolhido o nome do clube: Grêmio Recreativo Riograndense. Após, tratou-se de organizar uma diretoria que ficou assim constituída: Vicente Pereira de Souza, como presidente; Eurípedes Monteiro Duarte, como secretário; e Jayme Teixeira dos Santos, como tesoureiro. Foram feitas tratativas para aquisição do terreno na Rua Canela, n.º 167. Ergueram a sede de madeira com a colaboração dos irmãos Menegassi e outros. Surgiram dificuldades, mas foram superadas. Lembro que dois incêndios reduziram a cinzas o nosso Clube. Mas, como fênix, a ave fabulosa, que, segundo a lenda, morre queimada e renasce das próprias cinzas, o Riograndense ressurgiu das cinzas mais forte e vigoroso. Tivemos grandes homens na executiva desse Clube, com grande visão administrativa, que resultou na compra do terreno onde hoje estamos; o terreno foi adquirido em duas administrações, por homens que souberam cercar-se de companheiros, aos quais foram destinadas missões de relevante interesse social do Clube.

Amigos e caríssimos associados, citar nomes, nesse elenco de abnegados, é cometer injustiças pela ausência de um ou mais nomes das pessoas que se foram sucedendo nesses 50 anos e que tenham ficado no anonimato.

Tantos eventos de grande significado social e econômico para o Riograndense aconteceram ao longo desses 50 anos!

Em 1971, a aprovação da nova sede de alvenaria, cuja execução ocorreu nas administrações seguintes. Pode-se afirmar que essas gestões tenham dedicado todos os esforços para o reerguimento do Clube. Para suprir dificuldades financeiras foi lançado o título Remido Ouro entre os sócios.

Seguindo a evolução dos tempos, foi proposta alteração da denominação social do Clube, que passou a chamar-se Riograndense Tênis Clube no dia 08 de fevereiro de 1980. A meta seguinte era ver concluído o ginásio de esportes.

Em 1984, inicia-se a construção do pavilhão com capacidade para 2 canchas de bocha, sendo construído o ginásio de esportes. Nesse período, ocorre a troca de endereço da Rua Canela para Avenida Cavalhada, n.º 2.206.

Nesses 50 anos, sofrendo altos e baixos financeiros, mudanças de diretorias, as dificuldades sendo superadas e lançada uma nova venda de títulos, o Riograndense começa a respirar mais aliviado. Depois de muitas discussões, sempre saudáveis, inicia-se a construção das piscinas, o que leva à emissão de novos títulos patrimoniais.

Em 2000, ocorre mudança da diretoria, é construída a segunda cancha de bocha no pavilhão, dotando o clube, assim, com 3 canchas com revestimento sintético, aplicação das instalações da copa e da construção de 2 WCs, recuperação do telhado e o forro do salão de festas. No dia 11 de maio de 2003, comemoramos o cinqüentenário do Clube Riograndense; durante o mês de maio, diversas festividades ocorreram. No dia 9 de maio, Sessão Solene e coquetel. No dia 16 de maio, jantar festivo com show musical a cargo do Conselho Deliberativo. Durante todo o mês, desenrolaram-se os torneios de bocha, com troféus e medalhas. Inauguração das galerias fotográficas de ex-Presidentes. Dia 31 de maio, grande jantar-baile do cinqüentenário.

Senhoras e senhores, meu caro Presidente, hoje vejo preenchida uma lacuna do nosso Clube, pois aí está a história do Riograndense. E valho-me das palavras de um historiador que diz: “Povo que não tem história é povo que não tem alma”. Portanto, o meu abraço à Diretoria, em nome do Dorvalino e sua Diretoria, demais associados do Clube aqui presentes; sucesso e longa vida a esse Clube que deu tantas alegrias a nossa comunidade, e tenho certeza que as continuará dando por muitos anos. Um abraço fraterno a todos. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, Sr. Presidente do Riograndense Tênis Clube, senhores integrantes da Diretoria, senhores associados, o período de Comunicações de hoje foi destinado a homenagear os 50 anos de fundação do Riograndense Tênis Clube. Por certo, meu amigo Vedana, o nosso amigo Vicente lá no céu deve estar contente com a Câmara Municipal, que no seu período de Comunicações homenageia o Riograndense Tênis Clube. Cinqüenta anos são 18 mil e 262 dias, e a Câmara, no seu período de Comunicações, homenageia esses 18 mil e 262 dias, desejando que a trajetória do Riograndense Tênis Clube seja, realmente, exitosa.

Tenha muito sucesso, que os seus associados sejam muito felizes, que cada um deles possa se orgulhar do seu Clube e da sua Diretoria. Realmente o Clube é muito bonito, é muito bom. Há duas semanas, eu tive a oportunidade de participar de um almoço lá e me senti bastante contente. Vedana, o nosso amigo Vicente, lá no céu, está feliz, pode ter certeza, porque foi homenageado no período de Comunicações, aprovado por unanimidade pela Casa do Povo de Porto Alegre. E este momento será o ponto alto, o ponto de relevância.

O Sr. Presidente Dorvalino Lunardelli falará dos 50 anos do Riograndense Tênis Clube, glória do bairro Cavalhada e do bairro Teresópolis.

O Sr. Dorvalino Lunardelli está com a palavra.

 

O SR. DORVALINO LUNARDELLI: Sr. Presidente desta Casa, senhores colegas de trabalho no Riograndense, nobres Vereadores e Vereadoras, nós deixamos a nossa mensagem de agradecimento a esta Casa. Sabendo que alguém lembra do Riograndense, para nós já é motivo de satisfação. Deixa-nos vaidosos, deixa-nos orgulhosos, sabendo que o Riograndense tem uma trajetória muita árdua, em certos momentos, doentia. E, hoje, nós nos orgulhamos por ser o Riograndense uma casa enxuta na sua administração, uma casa em que, hoje, só se pensa em crescer. Hoje, nós só pensamos em progredir.

Nós agradecemos a esta Casa pelo espaço, nós agradecemos ao nobre Ver. Ervino Besson, que teve uma bela idéia. Estamos devendo ao Ervino e devendo a esta Casa.

Por isso, o nosso sincero agradecimento aos Srs. Vereadores, que nos deram este espaço, e, em especial, ao Ver. Ervino Besson. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Meu caro Presidente Dorvalino Lunardelli; meu caro Roni Ramos Guimarães; meu caro Celso Gai, a Casa do Povo de Porto Alegre, no seu período de Comunicações, no dia de hoje, destinado por unanimidade dos Srs. Vereadores, homenageou, com muita justiça, o Riograndense Tênis Clube.

São os clubes como o Riograndense Tênis Clube que fazem a vida da Cidade melhor, porque a ele muita gente tem acesso. Outros clubes, talvez mais proeminentes e com mais oradores, outros clubes, não que sejam menos valiosos para a Cidade, mas apresentam mais dificuldade de acesso para os associados. Mas o Riograndense é um clube popular que acolhe uma gente muito boa, do qual todos nós, os 33 Vereadores, gostamos.

Por isso, o período de Comunicações, hoje, foi destinado a comemorar os 50 anos do Clube. Cinqüenta anos na vida de uma pessoa é muita coisa; 50 anos na vida de um clube, significa que ele é apenas um adolescente e que vai continuar crescendo cada vez mais, mais e mais.

A Casa do Povo de Porto Alegre deseja a essa entidade pleno sucesso. Saúde e paz!

Suspendo a Sessão por alguns minutos, para que os Srs. Vereadores possam apresentar as suas despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h46min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 15h47min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Zé Valdir está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há algum tempo, quando analisávamos a situação da segurança no Estado e na nossa Capital, constatávamos, empiricamente, um dado grave: a insegurança e a violência haviam aumentado em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Nós não sabíamos muito bem qual o projeto do Governo do Estado para a segurança. Hoje temos os dados, depois de o Governo ter anunciado os dados, tê-los recolhido e publicado novamente, temos uma realidade que sentimos na pele todos os dias e temos, agora, os indicadores claros da política do Governo no Estado, é uma política que, cada vez mais, desrespeita os direitos humanos, cada vez mais orienta a polícia a não seguir regra nenhuma, a ordem é simplesmente executar e, em função disso, inclusive, a polícia já cometeu atos como agredir um inocente, como vimos no caso do professor. É uma política que beneficia os grandes empreendimentos. Aos poucos estamos vendo uma política de privatização dos órgãos de segurança, porque os órgãos de segurança estão cada vez mais deslocados para proteger os empreendimentos privados, grandes ou médios estabelecimentos e deixando completamente desguarnecida a polícia na periferia e nos pequenos empreendimentos. Somente ontem, na Vila Elizabeth, houve dois assaltos praticamente na mesma hora, a farmácias.

Eu vou citar um exemplo aqui, apenas porque faz parte desta estatística grave que nós estamos vivendo: três assaltos a ônibus em menos de um mês. Aí nós olhamos os dados aqui, e os dados comprovam exatamente essa tese: está em marcha um projeto que discrimina as vilas, discrimina os pequenos estabelecimentos, que estão à mercê, completamente sem segurança, privilegia os grandes estabelecimentos, não moraliza a polícia. Aliás, todo o trabalho que o Governador Olívio Dutra fez, no sentido de começar a varrer da polícia a “banda podre”, essa agora está voltando para dentro da polícia, e nós estamos vendo as conseqüências com o que aconteceu na 22.ª Delegacia, que infelizmente não é um caso isolado.

Então, nós estamos assistindo hoje a um quadro cada vez mais grave, e agora o Secretário da Segurança vem dizer que é um problema social. Interessante! Agora é um problema social! Há pouco tempo não era um problema social, era uma culpa exclusiva do Governo Olívio Dutra e do Secretário José Paulo Bisol! Agora, de repente, é um problema social! E nós já vimos os órgãos de comunicação, essa ala ligada à RBS, não faz nenhum comentário. Como eu tenho dito aqui, agora o fenômeno da segurança passou a ser um fenômeno sem causa e sem responsáveis, e vigora a tese da objetividade em matéria de divulgação do que está acontecendo. Então, nós estamos vendo um quadro extremamente preocupante.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Zé Valdir, concordando com V. Exa., no dia de ontem a imprensa mostrava o aumento dos índices de criminalidade, latrocínios, e hoje eu escutava atentamente a pesquisa que o SINDUSCON trouxe, e, dentro das coisas que a Cidade menos gosta, a primeira: a questão da violência. A violência aumentou, e agora isso é uma responsabilidade do Estado. E a Saúde, que tem sido um grande problema trabalhado aqui, é o sétimo em preocupação do Município. Então, a Cidade virtual realmente é, às vezes, a Cidade que a gente vê aqui nesta Casa, pela oposição.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, tempo encerrado.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Presidente se deu conta que o tempo não estava encerrado.

Ver. Zé Valdir, a tese que V. Exa. esboça fica corroborada com a pesquisa publicada que mostra que aumentou o número de latrocínios em Porto Alegre. Há falta de policiamento, que, ou fica na Nilo Peçanha, ou fica nos grandes empreendimentos privados, como V. Exa. colocou. Agora, o espantoso é que o Ver. Pedro Américo Leal permanece calado, não emite uma opinião sobre segurança.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Encerro com esta frase, Sr. Presidente: há um problema nessa pesquisa. Roubo a ônibus, que é onde está o maior índice, não consta na pesquisa! Não tem item sobre roubo a ônibus, que é a maior incidência hoje.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, é claro, nobre Ver. Juarez Pinheiro, o povo vai ter saudade do Bisol.

É importante dizer aqui que, no sábado passado, 16 de agosto, a Secretaria da Saúde do Município de Porto Alegre inaugurou mais uma unidade de saúde, no bairro Guarujá, Zona Sul. Com essa unidade de saúde inaugurada, são mais de 144 serviços em saúde no Município de Porto Alegre: 53 postos de saúde, 62 unidades de saúde, PSFs, e os demais são convênios com prestadores de serviços, hospitais e clínicas especializadas. Portanto, o Município de Porto Alegre hoje tem 144 serviços em saúde.

Queremos salientar que, no próximo fim de semana, começam as pré-conferências em saúde, para a Conferência Municipal de Saúde, nos dias 26, 27 e 28 de setembro. É de extrema importância que a população de Porto Alegre saiba que no próximo sábado, na região Leste, será na escola Antão de Farias, bairro Bom Jesus, e, na região Nordeste, ao lado do Centro Vida, no Jardim Passo das Pedras. Então essas pré-conferências são preparativas para a Conferência Municipal de Saúde, nos dias 26, 27 e 28 de setembro, como eu disse anteriormente, quando serão traçadas as diretrizes e até possíveis modificações que podem ser implementadas para o ano subseqüente. A Prefeitura de Porto Alegre, então, abre o debate com todas as entidades, enfim, com os cidadãos de Porto Alegre, para participarem dessa Conferência no próximo mês.

Queremos lembrar, também, que o Projeto de Lei apresentado nesta Casa, por este Vereador, que estabelece a obrigatoriedade da Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), ou o teste da orelhinha, como citamos com relação ao recém-nascido, está sendo debatido com os fonoaudiólogos e com a Secretaria Municipal de Saúde, para, então, fazer os ajustes, para poder, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde, ser possibilitado mais esse serviço, juntamente com o teste do pezinho, como já é feito e como é tradição já no Município de Porto Alegre, como uma prevenção ao recém-nascido.

Esse debate está sendo feito com um grupo de profissionais, juntamente com a Secretaria da Saúde, e a própria Secretária da Saúde já se pronunciou sensivelmente com relação a esse trabalho, até porque se nós observarmos no teste do pezinho, a cada dez mil recém-nascidos, nós constatamos um problema de saúde, no teste da orelhinha, isto é, o problema de audição, nós constatamos em cada dez mil, trinta recém-nascidos. Então, eu penso que é de extrema importância, sim, debatermos e conseguirmos implementar mais esse serviço no Município de Porto Alegre. Lembrando, ainda, que esses profissionais, não têm, é claro, pressa, mas a importância que se dá a isso é que lá, naquele hospital, naquela clínica, naquele serviço que vai ser credenciado, nos próprios serviços de saúde do Município de Porto Alegre, possa ser extensiva mais essa possibilidade de prevenção à saúde pública.

É nesse sentido que nós queremos, logo adiante, até porque este Projeto está na Ordem do Dia, pedir aprovação, apoio dos nobres pares, para a aprovação desse novo serviço.

Queremos lembrar também que os trabalhadores da saúde, que estão no movimento em busca de melhores salários, estarão na próxima semana, fazendo mais algumas atividades estratégicas, dentre elas, a assembléia geral, sensibilizando àqueles que fazem parte do SINDIHOSPA, para que melhorem a proposta. Sabemos das dificuldades que existem, mas também queremos lembrar que, por melhores condições de trabalho e melhor saúde da população, é importante também que se remunerem melhor os trabalhadores da saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Almerindo Filho, em Comunicações.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Vereador João Antonio Dib, Presidente desta Casa, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, o Ver. Zé Valdir abordou um tema da maior importância para toda a comunidade desta Cidade. Não sei, Ver. Zé Valdir, se por saudade do modelo clientelista ou por uma certa responsabilidade, durante um longo tempo nesta Câmara de Vereadores, travou-se um debate sobre a questão da segurança, colocando a responsabilidade dos índices de criminalidade e nos diversos delitos, sob a responsabilidade de uma Secretaria de Segurança que, segundo seus acusadores, não tinha capacidade de gestão do sistema neste Estado. Um daqueles que mais falava, e que não se enquadrava naqueles que têm saudade do clientelismo, do modelo de populismo ou conservadorismo, era o Ver. Pedro Américo Leal. Eu entendo que ele hoje esteja calado, e quero respeitar o seu silêncio, porque o silêncio do Ver. Pedro Américo Leal, relativamente à segurança, eu entendo, Ver. Pedro Américo, com todo respeito, é uma censura, é uma análise crítica, é uma análise técnica da forma como está sendo encaminhada a questão da segurança no Estado. Não teria outra razão o seu silêncio, mas quero analisar de outra forma essa questão. Eu, Ver. Zé Valdir, não quero me colocar na mesma irresponsabilidade como ocorreu nesta Casa, nos anos anteriores, quando culpavam a Secretaria de Segurança Pública pelos índices de criminalidade, acho, sim, que há um equívoco na atual Administração, no sentido de colocar viaturas em locais em que haja uma maior visibilidade pública e deixar zonas mais pobres absolutamente ao léu, sem qualquer segurança, no sentido de demonstrar, a quem formula a opinião pública, que o aparelho policial está funcionando e, nesse sentido, talvez seja uma das razões para que hoje, Ver. Pedro Américo Leal, tenhamos aumentados os índices, principalmente na questão de latrocínios e roubos de carro. Mas eu não vou usar o mesmo discurso. A questão da violência é uma questão muito mais profunda, e se eu fizesse o mesmo discurso, eu me igualaria àqueles que, aqui, de forma irresponsável tentaram, durante longo tempo, manchar a honra de um cidadão absolutamente honrado a quem esse Estado, um dia, há de fazer justiça, que foi o Secretário de Segurança, José Paulo Bisol.

As causas da criminalidade são muito mais profundas, Ver. Zé Valdir, e nós não vamos ser irresponsáveis, como foram aqui alguns Vereadores que, por interesses eleitorais, interesses mesquinhos, interesses demagógicos, procuravam, na verdade, com falácias, com tautologias, atribuir a responsabilidade a uma ponta do sistema que nada tinha com o aumento ou com a situação de criminalidade. Se formos responsáveis, Ver. Pedro Américo Leal, saberemos que as causas profundas da criminalidade se referem à questão da concentração de renda. Hoje, nosso País é que tem a décima primeira economia do mundo, mas a riqueza está concentrada na mão de uma minoria, a maioria já está abaixo da linha da pobreza, e uma minoria beneficia-se do empobrecimento geral da Nação. Nós temos o esgaçamento do tecido social e logicamente os índices, hoje, de criminalidade estão aumentando a cada dia, não só em Porto Alegre, como nas outras cidades, e são decorrentes dessa situação social, dessa verdadeira guerra por que passa o nosso País em virtude de gestões, principalmente como foi a de Fernando Henrique Cardoso que fez com que, hoje, o Brasil gaste mais de 60% do que arrecada com o pagamento de juros e serviços da dívida. Nós não vamos ser aqui, Ver. Cláudio Sebenelo, irresponsáveis de dizer que o aumento dos índices - e eles são objetivos, são fornecidos pelo próprio Governo, ou seja, aumentou a criminalidade em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul - são por culpa exclusivamente do Governo Germano Rigotto, seríamos irresponsáveis. Eu não vou fazer esse discurso, porque esse discurso seria demagógico, seria irresponsável. Nós sabemos que as causas dos índices de criminalidade são muito mais profundas, são as causas da verdadeira falência do Estado brasileiro e da própria América Latina, absolutamente contingenciados por uma política do imperialismo norte-americano, que nos retira tudo e faz com que sejamos meros mercados exportadores de matéria-prima e pagadores de uma dívida absolutamente irresponsável. Logicamente o Ver. Zé Valdir, sob o ponto de vista técnico, traz uma observação importante, o fato de que hoje a Polícia está sendo colocada, seja a Polícia Civil ou a Polícia Militar, em zonas de poder aquisitivo alto, zonas de formação de opinião, para que se mostre que nesta Cidade, neste Estado, existe uma Secretaria de Segurança funcionando, a Secretaria de Segurança funciona mal, como funcionou a outra Secretaria sob o ponto de vista de estrutura, mas erra sob o ponto de vista que hoje fere inclusive os direitos humanos, como colocou o Ver. Zé Valdir. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Beto Moesch, em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Ver. João Antonio Dib, digno Presidente desta Casa, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, existe um agravo, uma doença, que é a segunda causa de morte de mulher na cidade de Porto Alegre, no período reprodutivo da mulher, entre os 11 e os 51 anos. A segunda doença que mais mata a mulher nesse período da vida, chama-se câncer de colo de útero, que é uma Doença Sexualmente Transmissível, é uma DST, é parecida com o corrimento que dá comichão, com o corrimento que dá um cheiro ruim, com a AIDS e com a sífilis – é parecida com a AIDS na maneira de ser adquirida: pela relação sexual, ou seja, o vilão desse agravo se chama HPV, é um vírus transmitido de pessoa para pessoa, alojando-se no colo do útero, causando o câncer de colo de útero. Mulher que nunca teve relação sexual não tem câncer de colo de útero, e existe um exame bendito, sagrado, sacrossanto, maravilhoso, quase sempre os exames não são maravilhosos, sagrados e benditos. Os exames ajudam, mas em relação ao colo do útero há um exame sagrado, sacrossanto, bendito, que se chama exame de Papanicolau. Vem de Georges Papanicolau, o judeu grego que, nos Estados Unidos, desenvolveu a técnica, ou seja, é o famoso preventivo do câncer, o citopatológico, o pré-câncer; esse exame tem de ser feito uma vez por ano pelas mulheres, um ano depois que começaram a ter relações sexuais. Se começa a ter relação com 21 anos – raro nos dias de hoje -, tem que começar a fazer o exame aos 22 anos e por toda a vida, uma vez por ano. Se começou a ter relações com 12 anos – mais comum em nossos dias -, ela tem de começar a fazer o exame aos 13, e todos os anos seguintes, e ela não vai morrer de câncer de colo de útero. Estou falando tudo isso, primeiro, porque é interessante e vocês talvez nunca tenham ouvido falar o que é uma DST, o que é Doença Sexualmente Transmissível, por isso eu venho trazer, porque se tenho esse conhecimento, tenho que dividi-lo com os senhores, eu tenho que dividi-lo com a população! E aqui é o momento em que os holofotes estão virados para a informação! Por quê? Porque há um Projeto correndo nesta Casa que autoriza os postos de saúde a fazerem um exame citopatológico por ano nas mulheres que lá comparecerem! Isso é uma política pública! Com isso nós vamos reduzir a segunda causa de morte de mulher na cidade de Porto Alegre, que é o câncer de colo de útero! E, pasmem! Duas opiniões rejeitaram o Projeto! O que é isso? Vamos trabalhar contra a vida, contra a saúde! Eu não vou nem dizer quem é, porque eu não quero polemizar, eu só quero fazer a delação. Citopatológico, um exame obrigatório! E ali no Projeto diz que pelo menos 80% das mulheres têm que colher o preventivo. Deveriam ser 100%! E é benevolente o legislador quando diz 80%, porque já decresceria o impacto na morte das nossas mulheres na idade reprodutiva! Preventivo de câncer, eu vou repetir de novo: exame sagrado, exame necessário, realmente, o verdadeiro preventivo da vida de uma pessoa, porque nós não temos exame que diz se vai dar câncer de pulmão; quem fuma, pode ter! Nós não temos exame que diz quem vai ter câncer de próstata; dizemos quem tem câncer de próstata! Câncer de pulmão, de cérebro, nós não dizemos, mas, no colo do útero, a gente sabe se vai dar câncer dois anos antes, através do citopatológico! Tem uma lesão que não é câncer e que dá no colo do útero, e que vai ser câncer daqui a dois anos. Como é bom para o médico tratar uma lesão que não é câncer e que vai ser!

Ah, tem um Projeto, senhores, correndo na Casa, que pede que os postos de saúde façam 80% de oferta para as mulheres que lá forem! E, com isso, nós vamos reduzir a mortalidade das nossas mulheres.

Aprovem, aprovem, aprovem o quê? O preventivo do câncer para as nossas mulheres, que custa para o Governo 61 centavos e salva a vida de uma mulher, que, se tiver câncer, o próprio Governo vai gastar mais do que 500 mil reais no seu tratamento! Vamos pensar na vida das nossas mulheres na idade reprodutiva. Aprovem o citopatológico em 80% das nossas mulheres, por unanimidade, para ser representativo para a nossa população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, hoje nós tivemos, aqui nesta Casa, uma instituição que veio postular a possibilidade de passagem gratuita para as crianças carentes, e nós colocamos a dificuldade de aprovar determinados Projetos, porque uma parte da população, 25%, já não paga.

Nós apresentamos um Projeto aqui nesta Casa, há alguns meses, que nós queremos discutir com os Vereadores, trazer novamente à Pauta, porque entendemos que ele é um Projeto que tem uma relevância social e institui no município de Porto Alegre um programa que se denomina disque-solidariedade. E o que é esse disque-solidariedade? Ele possibilita aos munícipes da nossa Cidade fazer doações de materiais, tais como: materiais de construção, utensílios domésticos, móveis, alimentos não-perecíveis, roupas, remédios, órteses e próteses ortopédicas, equipamentos de diagnósticos e manutenção de funções vitais, que serão repassados a famílias carentes. Inclusive, estamos colocando que nesse cadastro deverá constar, no mínimo, a relação dos bens doados e os dados pessoais do doador, e os critérios para distribuição das doações às famílias carentes que deverão ser elaborados pelo Conselho Municipal de Assistência Social, em conjunto com o órgão responsável do Poder Público. Entendemos que é um projeto simples, mas existe um velho ditado: “Ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar”. Dentro desse espírito de doação é que nós queremos discutir com os senhores Vereadores este Projeto, com a institucionalização do disque-solidariedade, através de um 0800.

 

O Sr. Ervino Besson: Vossa Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Carlos Alberto Garcia, primeiramente sou grato pelo aparte. Vossa Excelência é um educador, diretor de uma faculdade, eu tenho o maior respeito por V. Exa., não só eu, mas acho que toda a Casa, todos os Vereadores e Vereadoras. Agora, Vereador, para que a população entenda a clareza do Projeto. O Projeto é transferência de recursos, e veja Vossa Excelência...

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: É que V. Exa. está falando do seu Projeto.

 

O Sr. Ervino Besson: É na linha do discurso de V. Exa, Vereador. É melhor essas crianças estarem em sala de aula ou perambulando na rua, Vereador?

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Nós não temos dúvida quanto a isso.

 

O Sr. Ervino Besson: Veja V. Exa. o fundamento e o alcance social desse Projeto, que é na linha do de Vossa Excelência.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Vereador, nós não temos dúvida quanto a isso, só colocamos que nós gostaríamos que toda a população brasileira tivesse comida três vezes por dia; gostaríamos que todos os 16% de desempregados do nosso País tivessem emprego, porque a maneira solidária das pessoas constituírem e terem a possibilidade de melhorar é tendo emprego, colocarem seus filhos nas escolas, terem comida. Mas, infelizmente, nós somos ainda um país de Terceiro Mundo, que não tem essa condição, que seria condição mínima de sobrevivência. Nós estamos ainda lutando por outras situações.

Mas eu volto a registrar que esse Projeto, que é um Projeto simples, tem essa grande revolução social que possibilita e quantas vezes já me deparei com pessoas dizendo: “Olha, Ver. Garcia, lá na minha casa, eu tenho tijolos, argamassa, eu gostaria de dar. De que forma eu posso dar isso?” Olha, com esse mecanismo poderá ser recebido. Existem pessoas que têm cadeiras de roda, têm muletas, por que não doar? Vão doar, sim. E o Conselho Municipal de Assistência Social é que vai controlar isso e vai poder fazer esse repasse.

Então, em cima disso, eu gostaria que os Srs. Vereadores, as Sras. Vereadoras prestassem atenção, para que nós pudéssemos ampliar essa discussão, aceitar sugestões, emendas que os senhores achem interessante colocar. Nós colocamos, inclusive, gêneros alimentícios numa amplitude do Projeto, que vai refletir, e muito. Eu tenho certeza de que a população de Porto Alegre vai colaborar, porque o espírito solidário é inerente ao ser humano. E dentro desse princípio é que nós gostaríamos que os senhores se sensibilizassem para que, daqui a alguns meses, nós pudéssemos votar nesta Casa, por unanimidade, o disque-solidariedade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Presidente João Antonio Dib, demais Vereadores e Vereadoras que se encontram nesta Casa, primeiro eu queria registrar um convite ao conjunto dos Vereadores para um debate que está sendo promovido pela ONG-Solidariedade, que publicou um livro a partir da sua experiência do Orçamento Participativo. Combina um pouco com aquela intenção do meu Projeto de criar o dia da democracia participativa. Então, no dia 11, eu vou ter oportunidade de debater com a nossa colega, Ver.ª. Clênia Maranhão, sobre as experiências da participação popular. Acho que nós encerramos, há pouco aqui, uma experiência do Governo do Estado, em que apenas 0,23% da população de eleitores porto-alegrense acabou votando, ou seja, em torno de 2 mil e 400, 2 mil e 500 eleitores, sendo que eles votaram, fundamentalmente, nas urnas localizadas na Assembléia Legislativa, na Câmara de Vereadores, no gabinete do Vice-Governador, onde os cidadão de Porto Alegre opinaram sobre um orçamento. A parcela que coube a Porto Alegre representa 0,04% do Orçamento do Estado. Então, essa é a dimensão, esse é o tamanho da proposta em que o Governador Germano Rigotto vem nos colocando em termos de consulta popular.

Deixo aqui esse convite, porque, há pouco, como registrava o Ver. Sebastião Melo, nós tivemos aqui a exposição de uma pesquisa do SINDUSCON, onde foi observado que a maior referência da nossa Cidade, em termos de organização popular, é o Orçamento Participativo. Esse debate está marcado para o dia 11, nesta Casa, debate esse organizado pela ONG-Solidariedade, entre mim e a Ver.ª Clênia Maranhão.

O segundo aspecto que eu gostaria de falar neste Período de Comunicações já foi abordado pelo meu companheiro de Partido, Ver. Juarez Pinheiro, que é a questão da Segurança.

Tive a oportunidade, em nome da minha Bancada, de protocolar uma Comissão Especial para analisar a segurança em Porto Alegre. Tenho, junto com o Ver. Cláudio Sebenelo, com o Ver. Cassiá Carpes, com a Ver.ª Maria Celeste, com o Ver. Ervino Besson, na Comissão de Direitos Humanos, presenciado um conjunto de denúncias sobre os abusos cometidos pela Segurança do nosso Estado com os cidadãos de Porto Alegre. Mais recentemente, tivemos um outro episódio, que é o episódio das pesquisas. Há alguns dias, um jornal de grande circulação da nossa Cidade publicou a pesquisa da Secretaria de Segurança, por intermédio de uma pesquisa que saiu na Internet, que durou 24 horas, onde constatamos o aumento significativo da criminalidade na nossa Cidade. Posteriormente, essa pesquisa foi retirada da Internet, com a justificativa de que o projeto ainda não estaria pronto, mas que os dados, fundamentalmente, estariam corretos. Para nossa surpresa, há questão de dois, três dias, se não me engano, no dia 25, foram publicados na Internet os novos dados. E observamos que houve uma modificação significativa nos dados de uma pesquisa para outra pesquisa. Mais do que isso, Ver. Juarez Pinheiro, ao analisar o cálculo que a Secretaria do Estado faz – ela pega os índices, as ocorrências do semestre, e compara; faz uma divisão com a perspectiva de crescimento do ano, ou seja, compara o semestre com a taxa anual. Evidentemente que isso leva a uma distorção. Então, mesmo levando em consideração a alteração que houve no levantamento, a matemática não explica aquilo que a Secretaria de Segurança fez com os dados publicados na segunda-feira. De um lado - volto a dizer - nós temos o comparativo semestral entre este semestre e o semestre do governo anterior, mas surpreendentemente nós fizemos uma divisão para uma projeção do ano inteiro do crescimento da população. Evidentemente que com essa matemática os números só poderiam reduzir. Esse é um dado importante que vem reforçar a Comissão Especial que o meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, pediu em relação à questão da segurança na nossa Cidade.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrado o período de Comunicações. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, outro dia passei às mãos do Ver. Juarez Pinheiro um artigo, que é uma entrevista de José Vicente Tavares dos Santos sobre a ordem: “A ordem é uma tarefa impossível”. Ele é talvez a maior autoridade no Rio Grande do Sul sobre segurança. Então, sobre essa questão da segurança – eu mesmo sou do PSDB, sou do Governo Germano Rigotto, com muito orgulho, com muito prazer inclusive, mas quero dizer que tenho sido duro na Comissão, com o testemunho de todos os meus colegas, de não suportar nenhuma insinuação, que dirão as injustiças que são feitas diariamente, há muito tempo. E o inconsciente coletivo desta Cidade, deste Estado, tem medo. Tem medo dos bandidos e tem medo da polícia. Nós vivemos a era do medo. Não desse medo real, que existe, mas também de um outro medo mil vezes pior, do medo fóbico, que leva muitas vezes as pessoas a extremos e é uma das grandes causas de violência.

Eu queria também registrar o meu desencanto, a minha dor depois de tentar, improficuamente, assinalar, nesta Casa, o Dia do Antifumo Nacional. Eu vejo num jornal local, em letras garrafais, num anúncio a um custo incalculável, a Medalha do Pacificador. Parabéns pela condecoração Medalha do Pacificador, concedida pelo Ministério do Exército Brasileiro, na cerimônia do Dia do Soldado, homenagem da Universal Leaf Tabacos a Robert Earl Jones, Presidente para a América do Sul da maior multinacional do mundo, líder mundial em negócios com fumo em folha.

A Medalha do Pacificador, criada em 1953, é uma honraria a militares e civis, em reconhecimento a serviços e apoio prestados ao Exército. Essa tragédia eu vou ter que engolir. E o Dia de Caxias! E o Dia do Soldado! E o Dia da Pátria! E o Dia do meu Exército! Fiquei parado por essa barbaridade, esse absurdo, essa ignomínia feita com a Medalha do Pacificador dada a um genocida.

Por fim, eu queria repetir, aqui da tribuna, a solicitação que fiz ontem aos políticos, à Bancada do PT e à Bancada de oposição toda. Gostaria de associar aquela foto no Correio do Povo do Sr. Prefeito abraçando dois Vereadores e o conteúdo dessa notícia, que fala de 15 cargos ou, conforme a parábola, de 15 dinheiros, à inserção na Ordem do Dia, Ver. Pedro Américo Leal, da Taxa de Iluminação aqui. No mesmo dia! Que juntem todos esses dados e tentem entender alguém passar de uma atitude liberal para uma atitude ideologicamente antagônica, estabelecendo uma relação doentia, ideologicamente doentia, de sedução e seduzido, para não dizer outro termo. E aí então, eu queria alertar os senhores Vereadores que passam de uma corrente para outra, de um dia para o outro, 24 horas antagonicamente, da ingenuidade de achar que serão aceitos. Eles serão, eles pedirão carona. A história do sapo e do escorpião: “E um dia no meio do rio, pela natureza do escorpião, o sapo se afogará”.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. 3188/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 014/03, de autoria do Ver. Valdir Caetano, que acrescenta o inciso XXI e o § 12 ao art. 70 e altera a redação da alínea a do inciso I do art. 72 da Lei Complementar n.º 07, de 7 de dezembro de 1973, e alterações posteriores, que institui e disciplina os tributos de competência do Município.

 

PROC. 3320/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 172/03, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que cria o Conselho Municipal da Juventude e dá outras providências.

 

PROC. 3693/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 066/03, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Jornalista Cláudio José Silveira Brito. 

 

PROC. 3896/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 070/03, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que institui a Semana da Acessibilidade na Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3980/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 036/03, que declara de utilidade pública a Entidade “Associação Educacional Vinícius de Moraes - AEVM”.

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. 0088/01 - SUBSTITUTIVO N.º 02, que isenta os desempregados de pagar as tarifas de transporte coletivo por ônibus, no Município de Porto Alegre, no 1.º dia útil de cada semana, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 004/01, ambos de autoria do Ver. Raul Carrion.  Com Substitutivo n.º 01.

 

PROC. 3214/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 169/03, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que dispõe sobre a oficialização do Festival Choref de Música e Dança do Folclore Judaico, promovido pela Fundação Israelita Brasileira de Arte e Cultura Kadima.

 

PROC. 3363/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 179/03, de autoria do Ver. Carlos Pestana, que regulamenta a instalação das vias de transporte de massa no Município.

 

PROC. 3449/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 182/03, de autoria do Ver. Beto Moesch, que dispõe sobre o funcionamento das casas de jogos por computador e dá outras providências. 

 

PROC. 3590/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 195/03, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre a obrigatoriedade, no Município de Porto Alegre, de os hotéis criarem e manterem ficha de identificação de crianças que se hospedem no estabelecimento.

 

PROC. 3797/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 216/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o Executivo Municipal a realizar consulta popular para decidir a localização ideal da Estátua do Laçador, símbolo da Capital gaúcha.

 

PROC. 3831/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 222/03, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que torna obrigatória a afixação de placa ou cartaz com advertência sobre exploração sexual de criança e adolescente nos estabelecimentos que menciona.

 

PROC. 3843/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 225/03, de autoria do Ver. Elias Vidal, que proíbe a divulgação da venda de produtos falsificados, pirateados ou contrabandeados nos meios de comunicação. 

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. 3176/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 162/03, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que denomina Rua Sandra Bréa um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Restinga. 

 

PROC. 3355/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 176/03, de autoria do Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Sandro Batista Souza da Costa um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.

 

PROC. 3356/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 177/03, de autoria do Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Jaime Lino dos Santos Filho um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.

 

PROC. 3550/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 185/03, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que denomina Rua Dr. Ivan Rospide um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Agronomia. 

 

PROC. 3552/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 186/03, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que denomina Rua Ernesta Feijó Dias um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Jardim Itu-Sabará. 

 

PROC. 3569/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 188/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Leão Licurgo Brasiliano Arano um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Vila Nova. 

 

PROC. 3570/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 189/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Derly Jukowsky Martinez um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Cavalhada.

 

PROC. 3571/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 190/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Hulda Scherer um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Vila Nova.

 

PROC. 3591/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 196/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Alberto Zolin Filho (Carlitos) um logradouro público cadastrado, conhecido como Rua 6238 - Loteamento Moradas da Hípica. 

 

PROC. 3754/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 210/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua das Bromélias um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Restinga. 

 

PROC. 1765/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 070/03, de autoria do Ver. Raul Carrion, que denomina Rua Sidney Lima um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Farrapos. 

 

PROC. 3586/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 194/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que dá nova redação ao art. 2.º da Lei n.º 8.553, de 12 de julho de 2000, que dispõe sobre a instalação de cercas energizadas destinadas à proteção de perímetros no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3611/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 197/03, de autoria do Ver. Luiz Braz, que declara de utilidade pública o Partenon Tênis Clube, sociedade recreativa, desportiva e cultural.

 

PROC. 3612/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 198/03, de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que denomina Rua Octacílio Gonçalves da Silva Filho um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Nonoai. 

 

PROC. 3714/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 238/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Geraldo Zaniratti um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Três Figueiras. 

 

PROC. 3791/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 214/03, de autoria do Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Antonio Alberto Palamar Moreira um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro. 

 

PROC. 3792/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 215/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Timbaúva um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Restinga.

 

PROC. 3813/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 218/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que fixa o traçado da Rua dos Guenoas, localizada no Bairro Espírito Santo.

 

PROC. 3816/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 069/03, de autoria da Ver.ª Maristela Maffei, que concede o título honorífico de Líder Comunitária à Senhora Maria Benta Boeira Vianna. 

 

PROC. 3840/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 223/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Tom Jobim um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.

Eu devo chamar a atenção dos senhores Vereadores, para que não reclamem da Mesa posteriormente, que as inscrições, as três primeiras, pelo menos, foram feitas pelo mesmo Vereador, e acredito que os Vereadores estavam no plenário.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Ver. João Antonio Dib, até podemos dar uma explicação, de forma rápida: nós estávamos, os cinco Vereadores, e até solicitamos ao Ver. Renato Guimarães, porque ele estava com a caneta, que fizesse as inscrições nessa ordem.

Nós temos, hoje, dois Projetos que estão tramitando, um em terceira Sessão, que é um Projeto que denomina uma rua, em Porto Alegre, de Sandra Bréa. Na realidade, é importante salientar que Sandra Bréa foi casada, durante alguns anos, com Arthur Guarisse, um símbolo da nossa Cidade, hoje morando em Torres. E foi o Arthur Guarisse que nos solicitou que nós entrássemos com esse Projeto. Ele nos mostrou uma carta de Sandra Bréa, em que ela, de maneira enfática, escreveu dizendo que amava Porto Alegre. E eu acho mais do que justo, ela que foi casada com um gaúcho, que esta Cidade também possa fazer essa homenagem, Ver. Pedro Américo Leal - eu sei que o Senhor é amigo também, de longa data do Arthur Guarisse, e sabemos que os restos mortais de Sandra Bréa estarão vindo para Porto Alegre -, e sei que o Senhor tem alguma coisa a falar sobre isso.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu tenho a impressão, ilustre Vereador, de que no relicário das nossas amizades, nós sempre guardamos uma figura que, sem explicações, encontra a nossa saudade e o nosso afeto. E o Guarisse é um deles. É uma dessas personalidades que nos traz sempre, momentaneamente, à introspecção. Eu compreendo perfeitamente o amor que ele tem a essa mulher que se foi, a Sandra Bréa, com todo o seu esplendor de beleza, artista de TV, de novelas. E o Guarisse tem um grande amor a ela, e uma grande saudade de tudo isso. Ele está em Torres – eu também sempre vou a Torres, amanhã vou a Torres...

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sou testemunha de que cada vez que o Senhor vai lá...

 

O Sr. Pedro Américo Leal: É minha segunda cidade do coração, são coisas inexplicáveis da natureza humana. Entendo perfeitamente e estou do seu lado, porque é um amigo, e por amigo nós fazemos qualquer coisa. Às vezes, chegamos até fazer quase que a ilegalidade, entre aspas, o que fazemos. Então compreendo perfeitamente a sua posição, estou a seu lado e votarei favoravelmente a essa rua que ele quer dar para essa mulher, e que foi o grande amor da vida dele. Por que nós vamos discutir isso?

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: De antemão o convido para o dia em que formos inaugurar; o senhor vai ter uma homenagem especial.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Está sendo desde já. Se ele a tem como o grande amor de sua vida, não vamos discutir isso. Vamos dar o nome de rua para ela.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: E o senhor como Psicólogo sabe muito bem o que é a expressão do sentimento humano, de carinho, de afeto, de amor. Eu agradeço, Vereador, pelo seu aparte e quero relembrar, mais uma vez, que Sandra Bréa, para aqueles que a conheceram, foi realmente uma das grandes artistas da Rede Globo. Trabalhou em inúmeras novelas, poderemos citar algumas aqui, por exemplo: “Assim na terra como no céu”, vários filmes, como "O magnífico sedutor", “Os mansos”, trabalhou em shows da Globo, como, em “Faça humor não faça guerra”, outros filmes, como “Regina mon amour”; enfim, foi uma daquelas artistas que realmente brilhou.

O que também é importante colocar: ela morreu de AIDS; assumiu a sua doença, procurou divulgar, conviver com isso e mostrar para a sociedade, e ao mesmo tempo também tentou fazer um processo educativo. E é em cima disso que nós colocamos esse Projeto para que, ao tramitar aqui na Casa possa, em breve, ter a concordância e a aceitação de todos os Vereadores, e que nós possamos convidar o nosso amigo comum, Arthur Guarisse, para fazer uma bela inauguração. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. Destaco no conjunto de mais de vinte Projetos listados na Pauta, o Projeto de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que traz para a Câmara o debate sobre a necessidade de se criar o Conselho Municipal da Juventude.

É um debate de grande importância, pois entendemos que da mesma maneira como se tem organizado no Município o Conselho do Idoso, conselhos que tratam de particularidades, que tratam de políticas específicas, esse Conselho vem responder da mesma maneira.

A Câmara está dando uma profunda e importante contribuição à organização da luta da juventude; o Projeto traz esse grau de positividade.

Também gostaria de aproveitar a oportunidade para destacar o Projeto que trata de construir, por uma Resolução, uma semana de acessibilidade às pessoas portadoras de deficiência. Na realidade, é um Projeto de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, e a Câmara está realizando um conjunto de atividades integradas à data nacional de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência. É uma matéria que nós, enquanto legisladores, enquanto homens e mulheres públicos temos de destacar mais e dar visibilidade para a construção de políticas voltadas às pessoas portadoras de deficiência.

Então, é muito importante que a Câmara tenha as suas atividades nessa semana.

Amanhã, durante à tarde, estaremos realizando um seminário específico para tratar de políticas públicas de reabilitação de crianças e adolescentes, nos engajando nessas ações. Já fizemos, como uma preparação, um seminário aberto para tratar de reabilitação, e lá decidimos, com a participação de professores de Educação Física, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, um conjunto de técnicos, lideranças comunitárias e usuários dessa rede, fazer um seminário específico na área de reabilitação para crianças e adolescentes.

Essa nossa atividade vem se somar ao conjunto das atividades que a Câmara de Vereadores vem fazendo, que o mandato do Ver. Cláudio Sebenelo fez, que a Prefeitura Municipal fez e que FADERS em nível estadual fez.

Estamos tendo, durante esta semana, uma enxurrada de atividades nessa área no sentido de dar visibilidade a ações públicas, a projetos políticos voltados para as pessoas portadoras de deficiência. Destaco, portanto, esse Projeto.

Por fim, gostaria, também, de fazer o registro, pois li, aqui, a intenção de um Projeto que proíbe a divulgação da venda de produtos falsificados, pirateados ou contrabandeados nos meios de comunicação. Eu me pergunto se esse Projeto não tem uma dificuldade de tramitar, tendo em vista a sua eficácia, pois é um Projeto que trata de proibir algo que já deveria estar sendo proibido até de ser vendido, porque se é produto falsificado, contrabandeado não tem de se proibir só a divulgação, tem de proibir a própria venda desse produto.

Então, eu gostaria de destacar que nesse Projeto o autor pudesse, quem sabe, reelaborá-lo por um outro caminho, porque, da maneira como ele está colocado, eu não sei se ele teria eficácia enquanto lei, depois, para ser aplicado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Excelentíssimo Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu uso a Liderança do meu Partido em nome do Ver. João Antonio Dib, do Ver. João Carlos Nedel e do Ver. Beto Moesch para saudar o Dia do Psicólogo, cujo aniversário da criação da profissão foi ontem. Tive grande papel neste evento, juntamente com o Deputado Federal, na época, Clóvis Stenzel. Nós nos dedicamos bastante, para que fosse efetivamente legalizada a profissão de psicólogo.

Creio que lá por 1970, acho eu 1971, 1972, não tenho certeza, eu era Deputado Estadual e o Clóvis Stenzel, um brilhante Líder da ARENA, era Deputado Federal. Hoje destaco esse dia, porque tenho duas alunas aqui: a Iara Costa Ramos e a Sônia Sebenelo, as Doutoras Iara e Sônia que estão exercendo as funções de psicólogas. A Iara, na Câmara, dirigindo esse trabalho com tanto ímpeto e vontade, que fiz força para que ela se tornasse efetiva, na gestão do nosso Presidente João Motta, se não me engano: Clóvis Ilgenfritz - me corrige a Iara, e depois João Motta. Hoje a profissão de psicólogo é invadida por várias outras profissões. Nunca tive visão de profissão que fosse tão invadida por outras profissões como a de psicólogo. Não sei por que a atividade de psicólogo não é respeitada pelas outras profissões; não quero citar nenhum dos invasores, porque não cairia bem numa data de exaltação ao Dia do Psicólogo enumerar aqueles que invadem propositadamente a profissão, mas é uma tristeza. E, como é necessário o psicólogo em todas outras atividades, seja clínico, seja educacional, seja social, em qualquer área a profissão de psicólogo é solicitada, todavia é muito invadida o que vejo com muita tristeza. Fui professor de faculdade, sou mestrado e sou doutorado em psicologia clínica, e posso falar abertamente - de todas as minhas alunas, de duas que me lembro, a esposa do nosso Ver. Cláudio Sebenelo e a minha querida amiga Iara -, mas tenho de realçar com mágoa essa invasão constante que se dá na profissão. Tentei, por vezes, deter a tomada de posição da profissão de psicólogo, mas, infrutiferamente, não consegui. Cheguei a escrever em jornais, há muito tempo, não podendo me comunicar com a mídia como desejava e não pude fazer mais nada; deixei a faculdade por esse motivo, por uma carga tremenda que tive de psiquiatras que invadem a profissão. A profissão é do psicólogo. O estudo do comportamento normal e anormal é do psicólogo. Não há porque ser invadida por outra profissão como a do psiquiatra; eles que fiquem nas suas posições. O psiquiatra tem a ver com o doente mental, com o anormal, com aquele que precisa receber medicamentos. O psicólogo não. Por isso tive muitos conflitos, que não quero relembrar aqui e até não devia ter citado. Mas já citei; é meu jeitão. Mas a invasão contínua no campo do psicólogo pelos psiquiatras não é concebível. O psiquiatra deve ficar nas suas atividades e o psicólogo que cumpra as suas!

Nesse dia em que comemoramos o evento da profissão de psicólogo, quero dar aos meus colegas psicólogos as congratulações, dizendo ao meu querido amigo João Antonio Dib, que sejam felizes. Deixem o psicólogo exercer a sua profissão. Não invadam a profissão! Respeitem os limites das atividades de cada um! Por que não respeitam? Por que é que invadem a profissão? Os times de futebol, por que não têm psicólogos? Se há problemas, estão justamente nos times de futebol, nos grandes times de futebol: Internacional, Grêmio, Vasco da Gama, Fluminense. Como precisam de um psicólogo ou de uma psicóloga! Eu falo genericamente. Como necessitam de um orientador, de um avaliador das tensões, do que se está passando com o psiquismo. São homens que precisam de orientação, são homens que vêm de camadas mais sofridas, camadas mais humildes, mais pobres da Nação. Como necessitam ter orientação! Eles de repente se tornam vedetes, estrelas e não estão preparados para isso. Como é necessária a assistência do psicólogo! Mas, ao mesmo tempo em que chamo atenção para isso, eu peço: respeitem a atividade do psicólogo, não se imiscuam na profissão! Fiquem lá cada um com a sua. Os médicos psiquiatras que se detenham na sua especialidade, que é o anormal, é o doente mental. Fiquem nela. Respeitem a atividade do psicólogo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras, todos que nos assistem aqui e também nas suas casas.

Em primeiro lugar, nós queremos referir, aqui desta tribuna, a exitosa realização, há dez dias, do 1º Congresso Nacional Unitário de Capoeira, realizado em São Paulo. Estivemos, inclusive, em Brasília, por esta Casa, na preparação.

Realizamos o Congresso Estadual em Porto Alegre. Estiveram presentes 520 delegados, mais 80 convidados e 90 observadores. O Congresso foi antecedido por reuniões estaduais, reuniões municipais, totalizando quase 10 mil participantes, sendo o maior evento de toda a nossa história nesse campo. Estiveram presentes representantes de 17 Estados e do Distrito Federal.

Cada grupo de capoeira podia ter um representante. Lá estiveram 330 grupos de capoeira, além de 190 delegados de confederações, associações, ligas municipais ou regionais. Presentes na Mesa a Associação Brasileira de Capoeira, Federação Nacional da Capoeira, Liga Nacional da Capoeira, Associação Brasileira de Capoeira Angola, Federação Nacional Abadá de Capoeira. Presente a Ministra da Igualdade Racial, Sra. Matilde Ribeiro, o Secretário Nacional Educacional do Ministério dos Esportes, Sr. Orlando Silva Jr.

O tema central desse Congresso foi a questão da regulamentação da profissão da capoeira, que hoje é praticada por mais de seis milhões de brasileiros, a maioria jovens de menos de 23 anos de idade, com o grande papel de integrar setores marginalizados, além de ser um legítimo esporte de criação nacional.

Foi deliberada a criação de um órgão nacional de capoeira, que virá a ser criado; o apoio ao Projeto n.º 7.370/02 do Deputado Luiz Antonio Fleury Filho, do PTB de São Paulo, que retira a capoeira da fiscalização do Conselho Regional de Educação Física; apoio ao Projeto n.º 7.150/02, do Deputado Arnaldo Faria de Sá, também do PTB de São Paulo, que regulamenta a profissão, com algumas alterações sugeridas, e a inclusão da capoeira nos benefícios dos arts. 215 e 217 da Constituição do ponto de vista da capoeira como cultura e como desporto de criação nacional.

Isso posto, queremos, como segundo tema da nossa fala do dia de hoje, fazer referência à luta dos parentes dos Guerrilheiros do Araguaia, que estão há muitos anos lutando pelo reconhecimento do seu desaparecimento, da sua morte, a identificação de seus cadáveres, e que o Exército apresente todas as informações - até agora mantidas sob sigilo -, sobre o desaparecimento desses lutadores do povo brasileiro. Todos têm notícia da sentença da Juíza Federal Solange Salgado, da 1.ª Vara Federal de Brasília, que deu o prazo de 120 dias para que a União, por meio das Forças Armadas, apresente os despojos e as informações sobre os Guerrilheiros do Araguaia, guerrilha, como todos sabem, dirigida pelo Partido Comunista do Brasil. Nós estamos aguardando que o Executivo não recorra da decisão da Juíza para que, de uma vez por todas, sejam esclarecidos esses fatos. Não existe nenhum objetivo revanchista, mas um objetivo justo de que os familiares de homens e mulheres, sacrificados na luta pela democracia, na luta pela soberania nacional, na luta pelos direitos do nosso povo, tenham, enfim, o reconhecimento da sua morte nas mãos do regime militar. Falaremos outro dia sobre o assunto.

Por fim, nos segundos que me restam, queremos registrar, com júbilo, também, o importante papel que o Governo Lula desempenhou no sentido da incorporação do Peru ao Mercosul, numa ampliação que certamente englobará muitos outros países no Pacto Andino. Muito obrigado

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. DR. GOULART (Requerimento): Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento de uma grande mulher, Rosa Ermínia Weingartner Ciulla, ocorrido hoje, às 10 horas. Não só o seu nome é importante, por ser sobrinha do nosso grande pintor Weingartner, mas por ter sido a companheira de um dos maiores ginecologistas de Porto Alegre, Dr. Saul Ciulla, também já falecido. Ao pedir um minuto de silêncio, solicito que a família seja avisada desta homenagem aqui na Câmara, pelo trabalho que fez durante toda a sua vida, e a tristeza que nos faz a perda de Rosa Ermínia Weingartner Ciulla, uma grande mulher.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento do Sr. Israel. Se já houve, eu peço desculpas ao Plenário. Ele foi um ex-funcionário aqui desta Casa, foi Segurança Parlamentar durante um bom tempo. Trabalhou no gabinete do Ver. Valdir Fraga, durante algum tempo. No momento, já não trabalhava mais na Câmara Municipal.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Deferimos os pedidos.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O Ver. Raul Carrion representará a Casa no VII Encontro Nacional de Revendedores de Combustíveis, VI Encontro de Revendedores de Combustíveis do Mercosul e Expopetro 2003, em Gramado-RS, a partir das 16 horas.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente. Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Raul Carrion está saindo em representação, mas não posso me furtar de falar nesse tema sobre o qual já tecemos aqui considerações. Falo como Vereador, como profissional de Educação Física e como Conselheiro Federal. Essa discussão sobre a capoeira está sendo feita em todo o território nacional, e o Conselho Federal de Educação Física tem uma posição clara frontalmente contra essa posição, porque entendemos que o lugar da formação é nos cursos superiores, é lá onde a pessoa tem a condição futura - ao completar um curso superior - de sair para ministrar aulas. Já referimos aqui, nesta própria tribuna, a questão da capoeira, pois uma vez foi dito que ela não nasceu nas universidades. Até fizemos uma alusão às tradições, pois nenhum desporto surgiu nas universidades, mas todos os desportos são orientados, são aprendidos nas universidades, para depois serem transmitidos aos alunos. Então, queremos mais uma vez colocar, de público, isso que nós estamos fazendo como Conselho Federal também em Brasília.

Mas hoje vamo-nos deter, mais especificamente, na questão da fusão da VARIG e da TAM. Aqui na Casa tivemos a oportunidade também de propor uma Moção de Solidariedade aos funcionários da VARIG, que foi aprovada por unanimidade, e agora a Justiça Federal do Rio Grande do Sul suspendeu essa fusão por entendê-la lesiva ao consumidor, colocando, ainda, que ela está cada vez mais difícil de se concretizar. O Desembargador Luiz Carlos Lugon, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, aqui do Rio Grande do Sul, suspendeu o processo de fusão das companhias aéreas. O Desembargador aceitou a alegação do Ministério Público de que a fusão poderia ser lesiva aos consumidores. Ainda pode haver recurso dessa decisão, mas é importante sabermos que, ao mesmo tempo, essa fusão faria com que a VARIG e a TAM detivessem 70% do mercado, e, para alguns trechos, a população não teria uma segunda opção - fato bastante preocupante. Um detalhe maior: na proposta de fusão, a VARIG ficaria com 5%; a TAM ficaria com 35% e os credores ficariam com 60%. Já questionamos da tribuna anteriormente sobre o que será feito com os dezoito mil funcionários da VARIG, que não são quaisquer funcionários, são funcionários com um padrão, um determinado nível socioeconômico, um nível intelectual, são centenas de pilotos, de comandantes que perderão, também, os seus empregos, porque a fusão não contempla o pagamento dos 18 mil funcionários, pois, certamente, após a junção, a grande maioria deles será demitida. Então – e não vai aqui nenhum comprometimento bairrista, especificamente gaúcho, não –, primeiro, a Viação Aérea Rio-Grandense, a VARIG, é a maior companhia da América Latina, é uma companhia que, ao longo dos seus 75 anos, já mostrou o que fez pelo Brasil, levando o povo brasileiro a todos os continentes e a todos os países do mundo.

Então, é por isso que, mais uma vez, eu ocupo esta tribuna para que nós, Parlamentares e representantes do povo da nossa Cidade, continuemos atentos, acompanhando esse movimento dos funcionários da VARIG, contra a fusão dessa forma a que está propensa.

E queremos aqui saudar, mais uma vez, o Desembargador Luiz Carlos Lugon, por essa atitude de respeitar a decisão do Ministério Público, fazendo com que a fusão não se concretize neste momento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo esta tribuna para trazer ao debate, à discussão e ao conhecimento desta Casa que tenho tido, no curso dos meus mandatos de Vereador da cidade de Porto Alegre, uma preocupação com os parques e praças da Cidade.

É dentro dessa ótica que estou retomando um Projeto de Lei que trata da vedação a novas construções em parques e praças da Cidade. Eu entendo que as praças devem ser preservadas e devem ser mantidas na sua estrutura e nas suas versões originais, evitando que elas percam, gradualmente, o espaço de verde, e que o espaço de arborização ceda lugar a construções ora transitórias, ora permanentes. Nós temos alguns extraordinários parques, que foram conquistados no curso da história de Porto Alegre, que tem como marco original o Parque Farroupilha, dotado de 35 hectares. Esse Parque, ao lado hoje do Parque Marinha do Brasil, ao lado do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, do Parque Mascarenhas de Moraes, na Zona Norte, do Parque Chico Mendes, constitui uma extraordinária estrutura de preservação de áreas verdes na cidade de Porto Alegre. Essa é uma questão muito importante, da mesma forma, como temos também, no Moinhos de Vento, ali na região tradicionalmente conhecida como “a baixada”, o Parcão – o Parque Moinhos de Vento.

Duas coisas nos preocupam em relação a esses parques: construções provisórias e construções permanentes nas suas áreas, pois, gradualmente, vão-se perdendo espaços de praças e jardins nos parques e praças da nossa Cidade.

Nós reiteramos essa posição, porque sentimos que a comunidade vem cobrando isso. E vejam como cada parque tem uma realidade. O Parque Farroupilha, por exemplo, tinha uma estrutura antiga, junto ao lago do Parque, que era destinada ao bicicletário. Aquele bicicletário foi transformado num café, diga-se de passagem, de extremo bom gosto, o Café do Lago, que surpreende pelas características, fazendo com que a gente, às vezes, acredite que esteja numa área parisiense ou numa área européia, tal a beleza. Mas a comunidade se manifestou contrária à implantação de um café no Parque Moinhos de Vento. E eu aderi a essa posição, e, na época, o Secretário Gérson Almeida tinha inclinações e simpatia por essa posição, mas foi simpático, compreendeu a manifestação da comunidade e aderiu ao seu posicionamento, contrário à implantação de um café no seio do Parque. Cada realidade é uma realidade. Da mesma forma, ontem, a comunidade do Moinhos de Vento, numa reunião, praticamente numa audiência pública com mais de 100 pessoas, sepultou uma idéia de um projeto de reformulação arquitetônica na Rua Padre Chagas. Nós sabemos hoje que a Padre Chagas se constitui numa das ruas mais bonitas do ponto de vista de cafés e boulevareds ali, ficou uma coisa muito bonita. Pois queriam ali implantar toda uma estrutura ocupando os espaços de calçada, e a comunidade, a população está perdendo esses espaços, mobilizou-se, e ontem houve o reconhecimento do Secretário Adeli Sell e do Secretário Carlos Eduardo Vieira, que tiveram a sensibilidade de reconhecer o peso da opinião da comunidade. Definitivamente esse projeto está sendo sepultado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Vereadoras e Vereadores, eu tenho em mãos um Projeto de Lei que dispõe sobre o Programa de Prevenção e Controle do Diabetes nas Crianças e Adolescentes matriculados nas creches e demais estabelecimentos da Rede Municipal de Ensino. Eu solicitaria aos meus amigos Vereadores e Vereadoras que tomassem conhecimento desse Projeto, logo ele estará em votação, eu acho que ele é de suma importância para o futuro das crianças do Município de Porto Alegre.

Eu volto a tocar no assunto sobre crianças de rua. Uma reportagem recente feita pelo Jornal Zero Hora causou um rebuliço aqui e em todos os segmentos sociais de nossa Cidade. Aconteceram os mais inflamados pronunciamentos nesta tribuna. A Prefeitura se manifestou, a Presidente da Fundação de Assistência Social e Cidadania concedeu entrevistas e, de novo, o assunto morreu. Até que um outro jornal estampe em suas páginas o problema dos meninos e meninas de rua e, de novo, o assunto fica engavetado, morto, sem discussão e, conseqüentemente, sem providências.

Quando cheguei a esta Casa, peguei o assunto como bandeira, vibrei quando o Prefeito fujão, Sr. Tarso Genro, afirmou, categoricamente, no começo de 2000, que queria todos os pequenos das ruas de nossa Cidade, num prazo de seis meses, ou seja, no desejo do ex-Prefeito, naquele dia, no final do mês de julho de 2001, Porto Alegre estaria com esse câncer extirpado da nossa sociedade. Tarso Genro não é mais Prefeito, também não é Governador, goza das benesses do poder em pasta criada em Brasília, e os meninos e meninas continuam nas ruas de nossa Cidade, e, segundo a última grande reportagem, triplicou o número desses marginalizados. Entrevistada sobre o problema, a Sra. Ana Paula Costa, da FASC, respondeu que o Prefeito Tarso Genro, naquele dia, naquele momento, prometeu, porque era esse o projeto, ou seja, o desejo do ex-Prefeito foi só naquele momento, e nada deixou para o seu sucessor, quando fugiu da Prefeitura, para tentar chegar ao Palácio Piratini, o que não conseguiu graças à observação precisa e esclarecida do eleitorado de Porto Alegre. A Presidenta da FASC falou mais, ou seja, que o Prefeito disse que aquilo – por que ele tem interesse – tinha interesse naquela época, no caso, tinha, e nós, ela e a FASC temos compromissos com essa realidade. Que compromisso é esse que não sai do lugar? A Presidente da FASC tem noção do problema, sabe da realidade e só. Existe somente a disposição dela e do Prefeito em reduzir esse número monstruoso de meninos e meninas que continuam nas ruas da Cidade, prostituindo-se, usando drogas, justificando-se a ausência de uma operação mais responsável, diante de um problema que é complexo sim. Eu sei que todo problema complexo exige mais dedicação, mais desejo, mais recursos, mas sei também que a falta de vontade política é que continua atravancando a ação Municipal nesse sentido. Não admito que Porto Alegre não tenha empresas de grande porte que estejam dispostas a colaborar com uma operação realmente verdadeira, interessada, realmente, pelo problema. Falta é vontade política, talvez, de nós também da oposição. Falta vontade política do Partido que ora está no Governo, como faltou vontade política, trabalho de verdade, dos Governos anteriores ao PT, porque as crianças, os meninos e meninas de rua, não estão nas ruas só depois que o PT assumiu a Prefeitura, mas “pelo andar da carruagem”, pelo entendimento na política de que meninos e meninas não votam, vamos continuar com o problema que é uma vergonha brasileira, mas no nosso caso, o porto-alegrense, troquemos ou não os nossos dirigentes nas Prefeituras deste País, pois o povo brasileiro é o povo mais amável, mais esperançoso que existe, e eu sou povo, faço parte desse povo e por isso continuo na minha crença de que um dia haveremos de ter na Prefeitura, no Governo, na Presidência, gente, gente disposta a fazer de seus mandatos, verdadeiras operações, com seriedade.

Desculpem-me, meus amigos porto-alegrenses, ter voltado a este assunto, mas é preferível focalizar o problema, para que possamos renovar nossas esperanças, porque não adianta apresentar projeto, aquela coisa do autorizativo, o maldito do veto, e aí então o jeito é ficarmos pedindo e renovando esperanças.

E para aqueles que criticam o meu jeito de falar aqui na tribuna, eu peço desculpas, aliás, não peço desculpas, é que a minha profissão é usar o microfone e faço isso como profissional, e não como político. Cada um usa o microfone do jeito que sabe. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, nós temos vários projetos importantes em Pauta no dia de hoje, mas eu gostaria de destacar um Projeto, de autoria do Ver. Beto Moesch, que procura regulamentar o funcionamento das casas de jogos por computador. É um Projeto que trata de um tema novo, eu diria, se entendi bem o Projeto do Vereador, é uma questão nova que está colocada na nossa Cidade, certamente não apenas na nossa Cidade, mas o Projeto do Vereador vem contribuir para que a existência dessa atividade, que pode ser muito boa para a nossa Cidade, não redunde no oposto, quer dizer, criando problemas. O Vereador na justificativa do Projeto explica que essas casas de jogos por computador começaram a chegar na nossa Cidade em 1998, vindas da Coréia, e foram se instalando. Essas casas consistem na colocação de computadores à disposição das pessoas, especialmente dos jovens, nas quais são oferecidos jogos em rede e acesso à Internet, por meio desses equipamentos, colocados à disposição para locação. E essas casas combinam, o Vereador também explica isso na justificativa do seu Projeto, os videojogos com outros serviços, como o serviço de copa-e-cozinha, e, por isso, eles adquiriram um enorme sucesso, tanto que se pode comparar o prestígio desses jogos hoje às discotecas - aquela febre das discotecas nos anos 80. A existência, se eu entendi o que o Ver. Beto Moesch falou, dessa atividade pode ser muito importante, porque ela pode, de um lado, funcionar como uma espécie de agente para possibilitar o acesso a essa tecnologia por parte de ampla gama de jovens. Então, pode ter um aspecto positivo a existência dessas casas de jogos por computador. O problema é que elas necessitam urgentemente de uma regulamentação, porque se não houver uma regulamentação que proteja especialmente a juventude, o problema que já está-se notando vai se agravar. Muitos jovens acabam jogando compulsivamente, perdem as aulas, acabam deixando de freqüentar a escola, com todas as conseqüências que isso cria. Isso piora ainda mais a situação que nós estamos vivendo, hoje, de problemas que a juventude vem enfrentando e que faz com que muitos jovens acabem se evadindo da escola ou tendo uma presença irregular nas escolas.

O Projeto do Ver. Beto Moesch procura, de forma pioneira, eu diria, tratar de regulamentar essa atividade, para que ela não se constitua num desserviço a nossa população, especialmente aos jovens, pelo contrário, para que essa atividade possa servir, ser uma forma de inclusão social e de oportunizar, a amplas camadas de jovens, o acesso também a essas novas tecnologias do computador e assim por diante. Enfim, acho que o Projeto do Vereador tem esse mérito, é um Projeto que é extremamente educativo e procura, por meio dessa regulamentação, brecar essa onda de descaminhos que pode agravar ainda mais o problema da juventude.

Acredito, Ver. Beto Moesch, que o seu Projeto é importante e deverá merecer uma atenção toda especial desta Casa, não só nos debates, mas até no sentido de aperfeiçoar, para que possamos aprová-lo aqui no plenário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, venho à tribuna no dia de hoje para falar um pouco a respeito de um Projeto do qual sou o autor, é o Projeto de Lei que fala sobre a proibição da divulgação, nos meios de comunicação, da venda de produtos falsificados, pirateados ou contrabandeados.

Gostaria de, primeiramente, externar aos senhores que, recentemente, passei a entender melhor o assunto que fala a respeito da pirataria. É um assunto muito complexo e difícil, porque envolve muitas coisas. Como todos sabemos, por trás da pirataria, da falsificação, existe o contrabando de armas, existe o financiamento de máfias, existem grupos criminosos por trás de tudo isso, que se envolvem com cargas roubadas, etc.

Quando, há algum tempo, eu via um cidadão vendendo um CD, um material pirateado ou algum produto no mercado informal, eu pensava, como talvez outras pessoas também pensem da mesma forma, quem sabe até muitos dos senhores: “Eu vou até comprar esse produto, porque, comprando esse produto, estou ajudando esse cidadão que está desempregado. Esse cidadão que está passando trabalho, esse cidadão que não conseguiu emprego no mercado formal e está ‘quebrando o galho’ aqui”.

Uma coisa é certa: não existe um lado bom de uma coisa ruim. Isso é um engano, é ficção, não é verdade, não existe nunca um lado bom de uma coisa ruim, porque, na realidade, todo o sistema do mundo financeiro, no que se refere a tributos, no que se refere à educação, saúde, habitação, segurança vem pelo dinheiro do mercado formal, que são os tributos, as taxas, as cargas tributárias, e estamos discutindo no Brasil a respeito das reformas tributárias. Enfim, o dinheiro para pagar os salários dos Vereadores, do funcionalismo público, todo o sistema que segura, que mantém essa máquina para não virar um caos. Imaginem um Estado em que nada funciona. Nós percebemos muito bem em países em que há guerras, há revoluções, há desordem econômica, o caos que existe.

Quem financia todo esse trabalho, essa estrutura social são os tributos, e os tributos vêm de onde? Do comércio. Que comércio? Do comércio legal? Não, do comércio ilegal. Então, o que acontece com tudo aquilo que é vendido pelo mercado informal, pela pirataria, pela ilegalidade, pela sonegação? O que acontece é a proliferação da miséria, da miserabilidade, do desemprego, da falta de educação, de dinheiro para segurança e etc. Então, este Vereador pensou o seguinte: eu tenho que dar a minha contribuição como Vereador; não vou me preocupar em nível de País, não sou Deputado Federal, nem Senador, nem Presidente da República; nem em nível de Estado, mas até já ajuda um pouco o Estado, porque Porto Alegre tem um reflexo em todo o Estado. Então penso que não está certo eu divulgar, proporcionar a venda de um material que se sabe que é pirateado, que é um produto roubado. Agora, quem tem que ver se é roubado ou não são os órgãos de comunicação na sua área jurídica. Mas temos de ter instrumentos de cobrança, porque isso acontece, inclusive, em outros estados.

 

O Sr. Darci Campani: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elias Vidal, ontem o Ver. Haroldo de Souza também debateu com senhor o seu Projeto. Eu acho que, no mérito, ele merece prosperar, só que nós temos que melhorá-lo, porque ele não cria multa; ele só diz que é proibido. Então, o que vai fazer o Poder quando tiver que, depois, aplicar a sua lei? Não tem instrumento nenhum na lei; se o instrumento não estiver na lei, não tem aplicação essa lei.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Agradeço a sua contribuição, quem sabe pode partir do próprio nobre Vereador alguma proposta de emenda, para que nós possamos melhorar. Acredito que, num primeiro momento, essa discussão já é válida no sentido de nós tentarmos achar soluções para melhorar o nosso mercado formal e, assim, trazer mais riquezas pela geração de empregos, impostos, dentro de um equilíbrio, aquilo que é normal, aquilo que é saudável para todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, inicialmente eu quero fazer um registro sobre o mais importante acontecimento literário brasileiro que acontece em nosso Estado, que é a Feira de Literatura de Passo Fundo. Nesta semana, Passo Fundo se transforma no centro da atenção nacional e também do mundo literário internacional, através de uma iniciativa em um País que ainda tem de enfrentar, em todos os seus Estados e Capitais, o grave problema do analfabetismo. Passo Fundo realiza um evento, que aglutina aproximadamente 15 mil pessoas. Traz os maiores escritores brasileiros e nomes internacionais, como Edgar Morin. Acho que essa iniciativa feita entre a sociedade civil, a Prefeitura de Passo Fundo e a Universidade é um exemplo, estimulado pela Professora Tânia, somadas às forças institucionais, de como se é capaz de vencer as adversidades da realidade. Mas a semana em Passo Fundo, que trata da Literatura - um tema que alguns podem imaginar que é algo referente aos iniciados - apresenta uma característica impressionante e extremamente estimulante para aqueles que não querem perder a fé no futuro: das 15 mil pessoas presentes no evento de Passo Fundo, 11 mil são crianças e adolescentes, que acompanham as palestras dos seus escritores, perguntam, convivem com a explicação dos seus personagens.

O Ministro da Educação, o Ministro Buarque, disse que o que acontecia em Passo Fundo era um milagre. E evidentemente parece um milagre que Passo Fundo possa mostrar ao Brasil inteiro essa sua realidade e seu compromisso, que soma o mundo acadêmico ao mundo político e traz os maiores nomes da Literatura, promovendo, de uma maneira absolutamente democratizada, um espaço de debate com os maiores escritores brasileiros.

Eu acho que nós deveríamos, inclusive, refletir neste momento sobre o papel emblemático que tem essa iniciativa para outras Cidades que na verdade hoje enfrentam problemas talvez menores que aquele Município, mas que, pela ausência de ousadia, não têm sido capazes de trazer essa possibilidade aos seus munícipes.

Por último, eu queria parabenizar o Governo Federal pela campanha lançada ontem, pelo Ministério da Mulher, Ministério que tratou da campanha em relação à violência contra as mulheres no País, definindo, inclusive, a necessidade de formulação de legislações específicas relacionadas à violência doméstica, uma violência extremamente difícil de ser enfrentada, porque acontece dentro dos muros das residências. Então, acho que é importante parabenizar a Ministra gaúcha, Emília Fernandes, por essa iniciativa, relembrando sempre que 75% dos casos de violência que acometem as mulheres são violências que acontecem dentro das suas residências. Acredito que todos nós deveremos pensar em ações efetivas em nível dos parlamentos, novas atuações que devemos tomar no sentido de fazer com que esse tema tenha mais visibilidade e mais enfrentamento por parte de todos os Poderes e do conjunto da sociedade.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Os próximos inscritos, o Ver. Elói Guimarães e o Ver. Raul Carrion, estão em representação.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste.O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há um Projeto de minha lavra, chamado Semana da Acessibilidade em Porto Alegre, que faço questão de vir à tribuna para contar a vocês uma das maiores emoções que tive na minha vida, que foi na Plenária do Estudante Deficiente Auditivo, Visual, Físico e Psicológico.

Desde o início da Sessão, tive todo o cuidado com as palavras que dizia, para não sensibilizá-los, especialmente pela delicadeza da massa crítica com a qual estávamos tratando.

Eu vi brilhar, da forma mais fulgurante, a inteligência daqueles meninos, que começou a dar vazão no momento em que eles tiveram uma coisa chamada comunicação, Ver. Pedro Américo Leal, quando o menino surdo, que passou o tempo inteiro calado, no momento em que ele teve um intérprete na Língua Brasileira de Sinais, começou a falar, o seu rosto irradiava felicidade por ter descoberto a comunicação. E, na medida em que começava a crescer a comunicação, desaparecia o preconceito, o meu preconceito, contaminado que fui por um inconsciente coletivo preconceituoso e que permitiu que aqueles meninos dialogassem, conversassem, defendessem suas idéias, votassem e, por fim, chegassem a uma pauta, com conclusões para a Cidade, especialmente voltadas para a deficiência física. Naquele momento, eles não se sentiram mais deficientes; eles encontraram a solução.

Por isso, vim a esta tribuna para apelar, para pedir, para solicitar, para esmolar, de todas as formas, se precisar o farei de joelhos, ao Líder do Partido dos Trabalhadores, Ver. Marcelo Danéris, sob todas as formas, Vereador, volto a pedir mais uma vez, desta vez publicamente: não se esqueça de pedir ao Sr. Prefeito que mande para esta Casa o Projeto que cria os cargos de Professores da Língua Brasileira de Sinais para todos os segmentos da Prefeitura para que possam ter esses alunos, porque eles estão impedidos de se comunicar nas Escolas Especiais da Prefeitura, pois não há professores. O Prefeito retirou da pauta e eu pedi, encarecidamente, pedi da forma mais calorosa possível, que o Prefeito não tirasse da pauta. Foi retirado por falta de dinheiro, e aí, vejo que as coisas não estão muito relacionadas com falta de dinheiro. A última coisa que poderia ter sido retirada daqui, Ver. Pedro Américo Leal, seria esse Projeto que o Prefeito mandou para cá, para contratar professores para esse tipo de trabalho que nós fizemos aqui na Câmara e que foi um dos momentos mais altos da história desta Casa, em que desapareceu a deficiência física e eles estavam extremamente felizes, fizeram festa aqui dentro, porque conseguiram se comunicar, pois havia intérpretes. Eram pessoas falando numa Babel, sem se comunicarem e, de repente, se fez a luz, se fez a comunicação.

Peço a toda a Bancada do PT e peço ao Sr. Prefeito que mande para cá esse Projeto para votarmos da forma mais rápida possível e dar a essas crianças a possibilidade de se comunicar, de falar; de terem contato com o mundo, porque estão isoladas na mais dolorosa de todas as solidões. É isso que estou apelando, é isso que peço, encarecidamente, faço o que precisar para fazer chegar a esta Casa esse Projeto, porque se não for trazido para cá, vai ser uma das maiores injustiças sociais que já se viu.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo. Encerrada a Pauta.


(O Ver. João Antonio Dib assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

A Mesa, hoje, pretende votar alguns Requerimentos que estão na Casa há muito tempo, mas ouve o Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, é exatamente nessa linha; o quórum está baixo, e eu pediria a V. Exa. que nos concedesse uns dois minutos para ver se há algumas matérias pacíficas que a gente possa votar hoje, sem risco de deixar de aprovar uma matéria qualquer por não ser absolutamente consensual.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Suspendemos a Sessão por dois minutos, para que as Lideranças acertem a seqüência de projetos a serem votados.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 17h39min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 17h49min): Estão reabertos os trabalhos.

Em votação o Requerimento n.º 125/03, solicitando Moção de Solidariedade às entidades militantes de Direitos Humanos que protestam contra a prisão arbitrária do travesti Marcelly Malta, de nome civil Adelmo Schwarzbold, de 52 anos de idade. A proposição é do Ver. Renato Guimarães e é solicitado pelas seguintes entidades: ACESSO, MNDH, RENAP, CMP, NEP, GAPA/RS, NUANCES, SOMOS, DESOBEDEÇA GLBT, OUTRA VISÃO GLBT, LEGAU. (Pausa.)

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento n.º 125/03, de autoria do Ver. Renato Guimarães.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos encaminhando uma Moção de Solidariedade às entidades militantes dos Direitos Humanos, que protestam contra a prisão arbitrária do travesti Marcelly Malta, de nome civil Adelmo Schwarzbold.

Evidentemente, que um fato ocorrido no dia 17 de junho, transcorridos, por conseguinte, mais de dois meses... É necessário, portanto, que se faça alguma ponderação a respeito disso.

A matéria veio instruída pelo Ver. Renato Guimarães, seu proponente, com a correspondência que foi enviada ao Sr. Governador do Estado, Sr. Germano Rigotto, em data de 17 de junho de 2003.

E certamente é com ela que o Vereador pretende que nos solidarizemos. Por isso, vou aproveitar meu tempo na Tribuna para ler e saber com quem estou me solidarizando. Diz a manifestação: “Exmo. Sr. Governador, nós, abaixo assinados, pertencentes a instituições públicas e entidades do movimento social que lutam pelos direitos humanos no Rio Grande do Sul, sendo uma de nossas defesas a liberdade de expressão sexual, bem como o direito ao trabalho de profissionais do sexo, estamos preocupados com a atual política de Segurança Pública. Essa preocupação se baseia em denúncias que relatam procedimentos constrangedores e ilegais por parte das polícias aos profissionais do sexo em nossa Capital. Como exemplo, citamos a prisão, que consideramos arbitrária, ocorrida no dia 09 de junho da travesti Marcelly Malta - em anexo o nome, Adelmo Schwarzbold -, de 52 anos, funcionária pública estadual com residência fixa e sem antecedentes criminais. A cidadã referida é membro de importante instituição de nosso Estado que luta pelo direito à cidadania dos travestis e transexuais, sendo que esse trabalho tem reconhecimento nacional e internacional; ainda como representante desse movimento contribuiu na formação dos policiais de nosso Estado, ministrando aulas na Academia de Polícia e tendo sofrido, por esse motivo, perseguição devido a valores preconceituosos de nossa sociedade, contra os quais organizamos a nossa luta. A mesma também é uma das organizadoras do X Encontro Nacional de Travestis, que estará ocorrendo entre os dias 26 a 28 de junho de 2003, em nossa Capital. Esse fato e o desenrolar do processo relativo a ele nos levam à necessidade de discutirmos a política de atuação do nosso Governo no que tange à obrigação pública do Estado em exercer a segurança de todos os cidadãos e cidadãs e o exercício do direito à liberdade de expressão sexual, bem como ao direito ao trabalho de profissionais do sexo. Para tanto, solicitamos audiência para tratarmos da política dispensada por nosso Governo aos profissionais do sexo e aos territórios onde ocorre prostituição, uma vez que esses trabalhadores e essas trabalhadoras são reconhecidos pelo Ministério da Saúde, fazem também um importante trabalho na prevenção da DST/AIDS, sendo, assim, multiplicadoras de informação do Ministério da Saúde e agentes de saúde de outras instituições que trabalham com o tema que é de utilidade pública. Sem mais para o momento, aguardamos deferimento”.

Assina aquela relação de entidades que o Presidente da Casa teve oportunidade de referir ao anunciar a votação dessa matéria. De fato, eu não sei se essa audiência solicitada ao Governador Germano Rigotto já foi concedida. Deixei claro que a atualidade da manifestação compromete em grande parte a análise, já que esse é um fato que ocorreu no dia 09 de junho, e hoje nós estamos no dia 28 de agosto, por conseguinte, 80 dias após o acontecimento. Inobstante, nós temos que enfrentar essa deliberação. É um requerimento do Vereador Líder de uma corrente de opinião pública na Cidade, o Ver. Renato Guimarães, que busca da Casa a solidariedade à ação dessas entidades que reivindicaram do Governador Germano Rigotto uma atenção para uma situação pontual dentro da cidade de Porto Alegre, que envolve o assunto aqui já referido que não pode ser objeto de nenhum preconceito de nossa parte enfrentá-lo. Seríamos farisaicos em deixar de reconhecer que existem profissionais do sexo na cidade de Porto Alegre, quando esses são até cadastradas em determinados segmentos oficiais. Então, o que nós temos de fazer agora? Enfrentar uma decisão. Devemos ou não ser solidários com essas entidades que reivindicaram audiência do Governador Rigotto, e que eu não sei se ele já a concedeu ou não. Era isso Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento n.º 125/03, de autoria do Ver. Renato Guimarães. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

Hoje pela manhã, mais uma vez, os moradores do entorno da Anita Garibaldi procuraram a Presidência e está sendo colocado em votação, neste momento, o Requerimento de Urgência, ainda assinado pelo Ver. Estilac Xavier, para que o Projeto que regulamenta e define o traçado da Radial Anita Garibaldi seja considerado em regime de urgência e tenha Parecer conjunto da CCJ, CEFOR, CUTHAB e da COSMAM.

Em votação o Requerimento s/n.º de autoria do Ver. Estilac Xavier. (Pausa.) O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente. Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, quero desde logo dizer o seguinte: concordo em conceder a urgência, mas percebo que não há o consenso por parte do Plenário. Vi várias pessoas manifestando posição contrária a esse fato. Esse Requerimento pedindo urgência foi assinado pelo Vereador, hoje Deputado Estadual Estilac Xavier, em 26-09-2001, e até agora não o enfrentamos. Não podemos ficar eternamente fugindo dos assuntos. Sei que é um problema em que qualquer uma das soluções que vier a ser assumida, a aventada pela Prefeitura, a proposta de um grupo de moradores, qualquer uma dessas soluções não é a ideal e não vai contentar a todos. Particularmente, acho até que teríamos de trabalhar numa idéia - o Ver. Juarez Pinheiro é morador da área, diretamente interessado no assunto -, talvez tentar uma solução intermediária. Todos dizem que aprovariam qualquer um dos traçados desde que se resumisse até a Estrada do Forte, agora Avenida do Forte, porque os problemas surgem a partir da Avenida Brasília, lá na Avenida do Forte, ou da outra rua, que é o traçado alternativo. Ali que vai haver uma série de gravames, gravames esses que persistem hoje na Cidade em ambos os lados e que entendo sejam prejudiciais, na medida em que até teriam perdido a eficácia, no meu entendimento. Sugeri, até, para algumas entidades e pessoas que aqui nos procuraram, que buscassem em juízo a quebra da eficácia do gravame.

De qualquer sorte, pessoalmente disponho-me a enfrentar o assunto, convocando a reunião conjunta da Comissão e abrindo um grande debate em cima do Relatório que venha a surgir da Comissão Conjunta das Comissões, e ouvindo a comunidade, se for o caso, ouvindo as partes interessadas, enfim, estabelecendo prioridade na votação dessa matéria. Era isso.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar Requerimento s/nº, de autoria do Ver. Estilac Xavier.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. João Antonio Dib, ao apagar das luzes da nossa Sessão, tomou uma iniciativa que aqui queremos aplaudir. O Ver. João Antonio Dib, Ver. Isaac Ainhorn, colocou para votação, não na ordem do Dib, mas na Ordem do Dia mesmo, um Requerimento da maior importância, que trata da questão da 4ª Radial.

Eu quero aqui recordar para os Vereadores que não estavam na outra Legislatura, mas de qualquer forma acompanhavam esse processo, que na elaboração do Plano Diretor - o Ver. Isaac Ainhorn lembra - saiu uma determinação de que em relação à 4ª Radial, o Poder Executivo deveria encaminhar uma outra proposta alternativa: a de que a 4ª Radial, tendo continuidade pelo Country Club e saindo na Túlio de Rose e, depois da Estrada do Forte, ingressasse não na Av. Brasília ou, ao menos, que houvesse uma proposta alternativa.

O Ver. João Antonio Dib sabe muito bem, o Poder Executivo encaminhou uma proposta alternativa no sentido de que a 4ª Radial não passasse mais pela Av. Brasília e, sim, pela Dom Luiz Guanella. Portanto, absolutamente cumpriu, de forma integral, aquilo que foi determinado na própria Lei Complementar do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental.

O que ocorreu aqui na Casa, posteriormente a isso, é que pela dificuldade de enfrentamento - e até uma Comissão Externa foi constituída, eu lembro que o Ver. Cassiá Carpes estava presente, acho que até presidiu essa Comissão Externa - verificamos as duas alternativas, ou seja, a Av. Brasília, Ver. Isaac Ainhorn, e a Dom Luiz Guanella, mas as populações do entorno desses logradouros colocam objeções de que a 4ª Radial passasse por uma ou por outra, porém esta Casa não pode não enfrentar essa questão, porque, hoje, o que está ocorrendo, Ver. Cláudio Sebenelo e Ver. Cassiá Carpes, que presidiu a Comissão Externa, é que pessoas estão adquirindo imóveis, achando que não tem ali o gravame, mas tem gravame, ou pode vir a ter, que é o caso da Dom Luiz Guanella. E outros que estão adquirindo imóveis na Av. Brasília, achando que o gravame vai deixar de existir naquele logradouro, e que pode não deixar de existir. Hoje o gravame está colocado na Av. Brasília e as pessoas acham que ele vai de lá desaparecer.

Para outras pessoas, portanto, até passar a 4ª Radial, até valorizam os imóveis. O que esta Câmara de Vereadores não pode mais é protelar essa definição, Ver. Reginaldo Pujol: se vamos aceitar o traçado inicial que era da Av. Brasília, ou se vamos aceitar a alternativa colocada pelo Poder Executivo.

O que, por fim, eu queria dizer é que aquela região da Cidade, Ver. Cassiá Carpes, não pode prescindir da 4ª Radial. É importante que os Vereadores, que não tenham por local de residência aquela região, mas que por óbvio transitam por ela, verifiquem o que é o trânsito na Av. João Wallig e imediações, principalmente nos fins de semana com aqueles shoppings lá instalados, e grandes estabelecimentos comerciais. Urge para a Cidade que a 4ª Radial seja constituída e, mais do que nunca - Ver. Cláudio Sebenelo, que conhece bem o problema, porque mora no bairro Três Figueiras ou Chácara das Pedras, sabe que a Cidade precisa da 4ª Radial -, hoje essa responsabilidade está colocada para a Câmara de Vereadores. O Poder Executivo já cumpriu com a sua tarefa e, portanto, é indeclinável que nós venhamos a nos debruçar sobre qual é o melhor local para que saia a 4ª Radial, saindo da Av. Túlio de Rose, passando pelo Parque Germânia, adentrando na Estrada do Forte e, finalmente, seguindo, seja pela Av. Brasília, pela Dom Luiz Guanella ou outro logradouro.

A definição é desta Casa e ela tem de ser tomada a favor do Requerimento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento s/n.º, de autoria do Ver. Estilac Xavier.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, nós estamos aqui normalmente em todas as Sessões plenárias, e é óbvio que algumas considerações que foram feitas, com todo o respeito, de que a Casa não pode fugir de examinar o assunto do traçado da Radial Anita, é um compromisso. Agora, como de tantos outros assuntos, a Casa não pode fugir da discussão, do debate e da votação. Eu acho que algumas matérias devem ser objeto de um processo de maturação maior do ponto de vista da consensualização das Bancadas, notadamente, Vereador, com todo o respeito, algumas até com entendimento com a Bancada Petista, e outras do bloco da oposição. Eu, particularmente, vejo que não há de parte dos meus companheiros de oposição uma convicção absoluta de que esse assunto se vote. Nós estamos votando aqui um Requerimento que eu até tenho minhas dúvidas, Sr. Presidente, se ele pode ser votado, porque é um Requerimento de um Vereador que data de uma Sessão Legislativa anterior, não é nem do ano passado. Esse Requerimento é de 2001, 26 de setembro de 2001, época em que foi solicitada urgência. Eu tenho, Ver. Luiz Braz, as minhas dúvidas jurídicas se esse Requerimento, por ser de urgência, se ele não deveria ser até renovado, e, tendo em vista a condição, hoje, do tempo, e do signatário não ser mais Vereador, se ele poderia estar sendo votado nas condições em que está.

Eu estou tratando somente de questões formais, preliminares, Ver. Cassiá Carpes. Eu não conversei com o Líder do PTB, não conversamos com a Liderança do PMDB, que teve de se afastar. A determinação óbvia do Ver. Reginaldo Pujol, do PFL, que é natural, sempre está presente, disse: “Olha, eu não tenho problema em votar essa matéria, em enfrentar essa discussão por meio de uma Comissão conjunta, com amplo debate e inclusive, eventualmente, com uma Audiência Pública com a comunidade interessada, porque nós estamos aqui votando apenas uma urgência, não propriamente o mérito da matéria”. Mas eu acho que se esse assunto está há tanto tempo aqui e ele repentinamente entra em votação, num final de Sessão, para ser apreciado sem uma maturação da conveniência ou não, porque eu confesso que nem sei em quais Comissões esse Projeto já passou e o que falta para entrar na Ordem do Dia da votação. E um outro detalhe, Ver. Juarez Pinheiro, entrar na Ordem do Dia da votação, nos últimos tempos, aqui nesta Casa, não quer dizer nada. Por exemplo, há aqui o Projeto do Ver. Raul Carrion que dispõe sobre a preservação e tombamento do patrimônio histórico e cultural de origem africana, que está na Ordem do Dia desde o dia 23 de junho; não foi votado. Está aqui o Projeto do Ver. Beto Moesch, que altera a Lei Complementar n.º 434, Plano Diretor, em um dos seus tópicos; está na Ordem do Dia desde o dia 5 de maio. Há o Projeto do Ver. João Carlos Nedel, que institui o Estímulo por Sensibilidade Social, de 19 de maio de 2003; outro de 26 de maio. O Projeto de Abertura do Comércio aos Domingos, está desde março na Ordem do Dia e não é votado. Então, não será agora que nós iremos definir a criação de uma urgência imediata.

Vamos fazer consultas prévias como recomenda a boa política do entendimento que deve presidir as relações desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa informa que esse Pedido de Urgência está incluído desde 15 de fevereiro de 2003.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento s/n.º, de autoria do Ver. Estilac Xavier.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, fiz questão de vir encaminhar, porque quando nós votávamos o Plano Diretor, lá em uma das últimas análises que fazíamos para a votação, surgiu um problema. Nós não tínhamos no Projeto do Plano Diretor nada que pudesse determinar o Plano Viário para a cidade de Porto Alegre. E como nós íamos votar o Plano Diretor se nós não tínhamos nenhuma indicação para o Plano Viário? Aí se fez uma Emenda para que no prazo de um ano, 360 dias, o Executivo se comprometia a mandar aqui para esta Casa o projeto do Plano Viário. Mas como nós discutíamos aqui naquela época a 4ª Radial, então colocamos mais um adendo. Esse adendo foi colocado por sugestão deste Vereador, no sentido de que o primeiro traçado a ser enviado aqui para esta Casa fosse o traçado da 4ª Radial, antecedendo, inclusive, todo o estudo do Plano Viário. E só por causa de um problema, Ver. Pedro Américo Leal. Naquela época o traçado que se queria, o traçado que estava no Plano Diretor, previsto no Plano Diretor, era o traçado que passava bem rente ao Hospital Banco de Olhos e que comprometia todo o trabalho realizado então pelo Hospital Banco de Olhos. Ora, quando os técnicos olharam aquele traçado e aquela preocupação trazida pelos moradores daquela região, simplesmente resolveram o seguinte: “Vejam, não vai ser mais esse traçado pelo Banco de Olhos, agora vai ser pelo traçado lá da Dom Luiz Guanella”. E o pessoal disse: “Não, mas aqui também não pode ser”. E começou a briga, então, de uma comunidade contra a outra. Ficaram duas comunidades brigando, nenhuma querendo ser onerada. E aí nós aprovamos essa determinação nesse Projeto de Lei para que se estabelecesse o traçado da 4ª Radial, e, no meu modo de entender, aquele ônus que pesava sobre aquelas casas naquele traçado antigo do Plano Diretor, para mim, esse ônus caiu, muito embora a Prefeitura continue ainda considerando aquelas casas com aquele ônus do traçado e, por isso mesmo, aquelas pessoas com uma dificuldade muito grande de poder negociar os seus imóveis. Para mim, depois que nós aprovamos aqui a determinação de que haveria um novo traçado, aquele traçado já deixou de existir! Ele não existe mais, porque ele foi suprimido pelo artigo que nós aprovamos aqui, mandando que viesse um novo Plano Viário, e mandando também que nós tivéssemos aqui, como prioridade, o traçado da 4ª Radial. Agora, eu concordo com os Srs. Vereadores que estão advogando que nós temos de enfrentar este assunto. Se não for por uma região e nem pela outra, acho que é muito difícil, realmente, nós superarmos as dificuldades lá oferecidas pelas duas comunidades. Acho que existem outras viabilidades. Nós não podemos é atrapalhar a vida de ninguém; nós não podemos é deixar as pessoas realmente sem nenhum tipo de condição de discutirem aqui conosco os seus problemas. Há duas comunidades em choque, e não podemos simplesmente querer atropelar essas pessoas; a isso eu sou completamente contrário. Só que nós temos de enfrentar o problema, temos de encontrar uma solução, que pode ser até a seguinte: não vai mais haver 4ª Radial. Penso que uma solução pode ser essa, e nós podemos fazer isso por meio de um Projeto de Lei. A solução pode ser essa, Ver. Pedro Américo Leal, “não vai mais haver 4ª Radial, nós somos contrários ao traçado”.

Agora, nós não podemos, como Vereadores de Porto Alegre, como representantes de toda a sociedade, é adiar mais ainda essa discussão. Nós temos de enfrentar essa discussão, Ver. Isaac Ainhorn. Ouvi os argumentos de V. Exa. e concordo com muitos deles, mas acho que nós temos que começar a enfrentar esses problemas. São problemas que realmente vão nos colocar num “mar muito revolto”, com muitos perigos a serem enfrentados, mas, com certeza absoluta, é um problema que nós não podemos deixar de enfrentar. Por isso é que vou votar – acho que até contrariando alguns companheiros da oposição, mas até para ficar mais coerente com a minha consciência – favoravelmente a esse Pedido de Urgência.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CASSIÁ CARPES (Requerimento): Sr. Presidente, peço a V. Exa. que possamos adiar por uma Sessão assunto tão urgente. Concordo plenamente que devemos votar, mas praticamente não temos quórum, e, segunda-feira, nós, com calma, com tranqüilidade, aprovaríamos sem dúvida. Comprometo-me a trabalhar, junto com a oposição, para que nós possamos, segunda-feira, aprovar.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu concordaria com V. Exa., mas não há a possibilidade. A votação iniciada deve ser continuada.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Existe uma possibilidade: simplesmente nós não darmos quórum para essa votação e, então, acabarmos adiando o processo exatamente por falta de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu não acho, nobre Vereador, que se deva retirar o quórum. Nós temos de decidir. Se o retirarem, o Presidente se submete, não há nenhum problema, mas eu acho que nós devemos decidir, porque há anos que nós ouvimos a comunidade, e não há por que não dar... Mas o Plenário é soberano, o Presidente preside.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Presidente preside, muito bem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Isaac Ainhorn, o Requerimento s/nº, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que trata da Radial Anita. (Pausa.)

Srs. Vereadores, por favor, registrem os seus votos. Nenhum dos Vereadores mais vai votar? Apenas oito Vereadores registraram os seus votos, com exceção dos Vereadores Elói Guimarães e Ver. Raul Carrion, que estão em representação. Eu solicito que sejam considerados ausentes todos os Vereadores que não registraram seus votos. Torna-se nula a votação do Requerimento, e, na próxima segunda-feira, a primeira matéria a ser votada será esta. Convido os Srs. Vereadores para, às 09 horas do dia 1.º de setembro, estarem presentes à abertura oficial da Semana da Câmara Municipal - 230 anos, quando haverá o hasteamento das bandeiras e apresentação da Banda do Comando Militar do Sul, e participação dos alunos da ACM. Local: Largo Valneri Antunes.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h22min.)

 

* * * * *